domingo, 29 de julho de 2012

Indaiá

Uma Cabocla apaixonada pelo Mar...


Ela nasceu no litoral de Pernambuco, próximo a toda beleza e exuberância das matas da Floresta Atlântica, da caatinga, dos mangues e dos cerrados. Seu pai era um guerreiro respeitado na tribo e sua mãe era uma grande artesã.
Seu povo, de cultura Tabajara, vivia em paz e harmonia até a chegada do homem branco. Sua tribo mudou-se para o interior das matas, a fim de fugir da devastação do colonizador.
Mas, Indaiá era muito apegada ao mar e sentia falta dele. Então, sempre que podia escapava de sua tribo apenas para visitar as águas salgadas do Oceano.
Um dia, enquanto se banhava nas águas do mar, um dos portugueses, de uma expedição de reconhecimento a avistou e encantou-se com sua beleza.
Sua pele morena, seus longos cabelos negros, seu corpo perfeito, chamou a atenção do bandeirante-explorador. Era o ano de 1535 e ele estava a serviço de Duarte Coelho...
Quando ela foi embora, ele a seguiu até encontrar sua tribo. Os Tabajaras eram desconfiados, mas evitavam confrontos armados, diferente dos Potiguaras (que gostavam de guerrear).
O Cacique Chefe dos Tabajaras, Arco Verde (Uirá Ubi), possuía uma filha de muita beleza: Tabira; em idade de núpcias, porém sem casar. E o mesmo acontecia com Indaiá, que esperava para ser entregue a um guerreiro de sua tribo.
Quando a Expedição de Duarte Coelho chegou até a Tribo Tabajara, o Cacique Arco Verde assustou-se e pensou que era o fim de sua raça. Então, travaram uma luta, na qual Jerônimo de Albuquerque foi ferido por uma flecha em um dos olhos.
Ele foi feito prisioneiro e condenado à morte. Porém, foi salvo pela intervenção da filha Tabira (também conhecida por Tindarena), que o cuidou e se apaixonou por ele. Devido ao acidente, Jerônimo passou a ser chamado de "O Torto".
O casamento dos dois selou a paz entre os Tabajaras e os Colonizadores portugueses. Houve, então, uma negociação de apoio entre ambos, que se uniram contra os Potiguaras.
Com o casamento da filha do Chefe, Indaiá também pode casar-se com aquele que a seguiu: Alexandre Duarte, um dos assistentes da expedição.
Tabira foi batizada e recebeu o nome de Maria do Espírito Santo Arco Verde - em homenagem ao Dia de Pentecostes.
Indaiá também foi batizada e recebeu o nome de Maria Dolores Arué (em homenagem a Nossa Senhora das Dores). Arué (Alma dos Mortos) era o nome de seu pai.
Como os conquistadores conseguiram uma aliança com os chefes indígenas tabajaras e conseguiram dominar completamente os Potiguaras.
Com ajuda de Vasco Fernandes de Lucena, amigo dos Tabajaras, em 12 de março de 1537 a povoação passou a ser chamada de Vila de Olinda.
O nome surgiu devido a uma exclamação do donatário: "Ó linda situação para fundar uma vila!", ao observar a beleza do local.
Tabira e Albuquerque tiveram oito filhos, num casamento considerado ilegítimo. Por isso, ele se casou também com um portuguesa (Felipa), com quem teve onze filhos. Mas, ao todo ele registrou 24 filhos; por isso, o chamavam de "Adão Pernambucano".
Indaiá e Alexandre tiveram treze filhos e este manteve-se fiel a esposa que tanto amava. Alexandre levou Indaiá a viagens pelo mar e ela conheceu toda a exuberância do oceano.
Ela morreu jovem, aos 28 anos de idade, durante o parto de seu último filho. Alexandre contratou uma ama de leite e uma babá para criar as crianças, pois não se casou novamente.
Indaiá ao sentir que a morte se aproximava, logo após dar a luz, pediu ao esposo que a levasse até a praia. Ela queria morrer sentindo as águas do mar a lhe tocar...
Logo após a morte da esposa, Alexandre andava a beira da praia, onde ouvia a voz da esposa e via seu vulto na água.
Ele dizia aos outros que ela agora vivia no mar, mas seus amigos achavam que ele andava delirando por conta da bebida e de saudades da esposa.
Contudo, todos repetem essa história até os dias de hoje...