domingo, 21 de fevereiro de 2021

Fundamentos de Desenvolvimento nos Cultos de Nação...


Segundo a crença, Orixá não teve corpo carnal na Terra. Entretanto, existem algumas divergências entre alguns autores... De acordo com diversas Lendas do Panteão Africano, ocorrem narrativas que confirmam a existência de algumas divindades com nomes e costumes dos Orixás.
Tanto Pierre Verger, quanto Roger Bastide ou Reginaldo Prandi, entre outros autores, relatam a existência de Nações e Tribos com origem ancestral nos Orixás. Por conta disso, é difícil afirmar categoricamente, se Orixá existiu na Terra ou apenas na crença de um Povo.
O Orixá pode ser considerado como: força divinizada da Natureza, Entidade Angélica, Espírito Puro Criado por Olorun, Energia Cósmica de restauração Elemental, Força Restauradora do Caos, Elohim Sagrado, Ser Cósmico e Universal...
Enfim, assim como ocorre com os deuses em algumas Culturas Ancestrais, os deuses Africanos também ocupam seu lugar de destaque na vida cotidiana de cada Nação.
Olorun ou Zambi é o "deus" máximo da Mitologia dos Orixás. Ele é o absoluto, o Tudo, o Infinito, a própria Energia Cósmica... Ele não pode ser medido, imaginado ou avaliado. Por isso, Ele vive no Orun (céu), de onde comanda as ações de cada Orixá e de cada Entidade que trabalha para os Orixás.
Na vinda dos escravizados africanos para o Brasil, muitos Orixás se perderam do Culto Original e muitas Nações demoraram para refazer suas tradições. Dessa forma, existem diferenças entre as tradições de muitas Casas de Culto; porque cada Casa segue um Rito Ancestral específico. Contudo, as principais regras, bem como, as Leis mais abrangentes permanecem as mesmas, para qualquer Nação.
Antigamente, um filho de Santo permanecia na Casa de Culto por sete anos seguidos... Normalmente, ele adentrava ainda criança ou adolescente, para ser preparado para o Orixá. Depois, esse tempo reduziu para um ano, pois com a vida moderna, ficou difícil manter os filhos afastados dos pais e da escola.
Agora, no entanto, existe uma espécie de acordo entre o filho, a Casa de Culto e o Orixá... E esse tempo pode ser dosado entre os sete anos. Após os sete anos, existe a renovação de cada ano e de cada sete anos. Ou seja, um filho sempre pertencerá à Casa que entrou...
Numa Casa, existe aquele que faz a limpeza e organiza o ritual, mas não vira no Santo (não incorpora): "Ogans" (homens) e "Ekedis" (mulheres). Também existem as "Bás" (cozinheiras da comida de Santo) e os "Axoguns" (mãos de faca ou de corte)... E ainda temos, os "Yaôs" (iniciantes no Santo), os "Abians" (aspirantes a Filhos de Santo) e os "Ebomis" (Filhos que já são formados no Santo). E, claro, o Babalorixá (Pai de Santo) ou a Ialorixá (Mãe de Santo). Ou seja, numa Casa cada um tem uma função específica como uma grande família... E cada família pertence a uma Nação!
Todo Filho de Santo (Yaô) possui um "juntó" e um ajuntó" (ou contra-juntó). Quer dizer, ao bater/jogar o Jogo do Búzio (merindilogun), com a Cabala estabelecida através da data de nascimento, o Jogo determinará o Orixá Dono da Cabeça e o Orixá auxiliar...
Antes de iniciar a Feitura, deve-se proceder com a limpeza do Filho de Santo, para afastar "Egun" perdido, acalmar Antepassados, retirar Quizilas, entre outras funções. Durante a camarinha do Filho (resguardo e feitura), enquanto se providencia a comida do Orixá e seu assentamento, são preparados: os colares do Santo (delogum), as roupas adequadas e todos os demais fundamentos...
Em cada momento da obrigação serão realizados os Boris (banhos): de refresco ou de alívio; de alimentação aos Santos; de feitura ou completo. Em  muitas Casas também se realiza o "Obi d'Água" (semente de noz de cola na quartinha de Oxalá); com o Filho de Santo pernoitando na Casa, para saber se ele pertence ou não àquela Nação.
No processo de Feitura, tudo deverá ser preparado aos poucos, porque existem muitas etapas e procedimentos para o desenvolvimento. Como o processo é bastante demorado, o Filho de Santo é obrigado a permanecer na Roça (Terreiro ou Congá) pelo tempo que o Orixá determinar...
Em muitos preceitos, o Filho pode seguir com a sua vida normalmente. Mas, se ao Filho for exigido que ele cumpra sua missão com a Nação, ele terá que se dedicar efetivamente e exclusivamente a esse propósito. Por conta de tudo isso, os preparativos são demorados e dispendiosos.
Afinal, quem é do Santo, ou seja, quem é de Axé, sabe que se o Orixá cobrou, o Filho tem que cumprir! E isso já está escrito e determinado no Livro da Vida de cada um...

 

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

Quem são as Kachinas?


Para os Hopis, as Kachinas são Seres Sobrenaturais que visitam as Aldeias para auxiliar nas atividades cotidianas e agir como um elo de ligação entre os deuses e os mortais.
Existem dois relatos diferentes nas crenças Hopi para a origem das Kachinas...
Uma das versões afirma que os Kachinas eram Seres Espirituais de boa índole que vieram com os Hopis do Mundo Subterrâneo. Eles vagaram pelo Mundo Terreno até chegarem à região onde se estabeleceram... No entanto,  quando os Hopis foram atacados, todas as Kachinas foram mortas. Então, suas almas retornaram para o Extramundo.
Outro relato diz que os Hopis deixaram de dar valor às Kachinas, perdendo todo o respeito e reverência por elas. Com o tempo, as Kachinas desistiram dos Hopis e voltaram ao seu Mundo por conta própria.
No entanto, os dois relatos afirmam que: "Antes de partirem, as Kachinas ensinaram algumas de suas cerimônias aos "escolhidos" da Tribo. Eles aprenderam como fazer as máscaras e os trajes especiais. Então, quando os Hopi perceberam a importância desses Seres Especiais, as cerimônias começaram..."
Segundo os historiadores, "os Seres Kachina representam os espíritos de todas as coisas do Universo; desde rochas, estrelas, animais, plantas ou Ancestrais que viveram vidas boas".
Esses Seres são personificados por dançarinos do sexo masculino usando fantasias e máscaras em cerimônias realizadas durante a primeira metade do ano. Em todos os Ritos Cerimoniais importantes, as Kachinas estão presentes.
A primeira cerimônia anual é o "Powamu", que ocorre em fevereiro. Ela está associada ao plantio do feijão, desde o seu crescimento até a sua maturidade. A última cerimônia, chamada de "Niman", ocorre em julho e está associada à colheita, após a qual todos os dançarinos voltam para suas casas.
Além das Kachinas, dentro da dança Hopi, existem os "palhaços"... A presença dos "palhaços" nas festas torna as pessoas mais receptivas às diversas mensagens. Eles desempenham um papel importante dentro da Comunidade, porque representam os desvios sociais.
Além dos dançarinos e dos palhaços, também existem as bonecas  Kachinas. Essas bonecas imitam os traços e os aspectos de cada Entidade.
Podemos comparar o Culto às Kachinas ao Ritos do Candomblé, onde cada aspecto do Orixá (Vodun ou Inquice) representa, comparativamente, um aspecto da Kachina. Assim como existem as Nações do Candomblé, os Hopis, os Zunis e os Keresan também possuem suas diversificações dentro da Cultura das Kachinas.
Da mesma forma que os dançarinos incorporam as Kachinas, os filhos de Santo também incorporam e representam as características dos Orixás... Tanto os Orixás, quanto as Kachinas, nos ensinam o amor ao próximo, o respeito à Natureza, o permanente Ciclo da Vida e o infinito evoluir dos Mundos.
Ao entendermos a relação existente entre os Seres Sobrenaturais, o ser humano e a Natureza, percebemos a constante troca de energia em todo o Universo.