quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

Kachina - a ancestralidade da Cultura Hopi...


A kachina (também katchina, Katcina ou katsina - no plural katsinim) é um ser espiritual presente nas crenças religiosas dos Povos Nativos do sudoeste dos Estados Unidos.
Nessas culturas populares, os ritos "kachina" são praticados pelos Povos Nativos Hopi, Zuni, Hopi-Tewa e algumas etnias Keresan, principalmente, nas Tribos Indígenas do Novo México.
Muitos índios das Etnias Hopi e Zuni realizam cerimônias nas quais homens mascarados, chamados de kachinas, desempenham um papel importante. Os membros mascarados da tribo se vestem para as cerimônias religiosas que acontecem muitas vezes ao longo do ano.
Essas cerimônias são ocasiões sociais para a Aldeia, onde amigos e familiares podem vir das cidades vizinhas para ver a dança ou para participar de todos os festejos.
Quando um homem da Etnia Hopi ou Zuni coloca uma máscara sobre sua cabeça e usa o traje e a pintura corporal apropriados, ele acredita que perdeu sua identidade pessoal ao receber o espírito da kachina que ele deve representar...
Além das kachinas masculinas, existem muitas kachinas femininas chamadas kachin-manas, mas as mulheres nunca assumem o papel de kachinas masculinas e femininas.
As kachinas Hopi mais importantes são conhecidas como "wuya". Em Hopi, o termo wuya geralmente se refere aos próprios seres espirituais (ligados ao Quinto Mundo ou Taalawsohu).
As cerimônias religiosas giram em torno dos solstícios de inverno e de verão; quando se comemoram a importância do clima, especialmente da chuva, porque garante as colheitas bem-sucedidas... É onde o Pai Céu e a Mãe Terra são venerados.
Tanto os Hopi, quanto os Zuni, acreditam que os kachinas vivem no Lago dos Mortos, um lago mítico, localizado na junção do Rio Zuni e do Rio Little Colorado.
Embora já tenham ocorrido algumas investigações arqueológicas, os Arqueólogos não foram capazes de esclarecer em qual tribo, Zuni ou Hopi, se desenvolveu o Culto Kachina primeiramente.
Apesar das kachinas Zuni e Hopi serem diferentes umas das outras, elas mantêm certas características e semelhanças em comum. Enquanto nas outras Etnias as kachinas são mais primitivas, nas Etnias Zuni e Hopi elas são altamente caracterizadas e detalhadas.
É possível perceber que os índios Hopi transformaram seu Culto em um Ritual mais elaborado; eles parecem ter um maior senso de drama e de arte que os Zunis. Por outro lado, eles desenvolveram um Folclore mais considerável sobre as kachinas.
Existem muitos mistérios e muitas sutilezas envolvendo todo o Ritual Hopi das kachinas. Cada parte do ritual recebe um nome e uma personificação, bem como, cada aspecto apresentado pela kachina.
Uma kachina pode representar qualquer coisa do Mundo Natural ou do Cosmos; desde um ancestral até um símbolo, uma qualidade, um fenômeno natural ou um conceito... Por isso, podem haver kachinas para o sol, as estrelas, as tempestades, o vento, o milho, os insetos, bem como, para muitos outros conceitos. 
As kachinas são aceitas como se tivessem vida própria e entendidas como se tivessem um relação de parentesco com a pessoa. Cada kachina é vista como um ser poderoso que, se receber veneração e respeito, poderá usar seu poder particular para o bem comum.
O conceito "kachina" possui três aspectos distintos: o ser sobrenatural, a dança e as bonecas. O ser sobrenatural representa as manifestações; a dança apresenta as particularidades de cada manifestação; e as bonecas simbolizam a prática das danças.
As bonecas são objetos cerimoniais com significado religioso, porque imitam a Cerimônia da kachina. Elas são dadas apenas àqueles que demonstram respeito pelo ritual...
As bonecas kachina são pequenas representações em miniatura dos dançarinos mascarados. Elas são esculpidas em madeira e pintadas com cores vivas. Essas estatuetas são dadas às crianças para que possam se familiarizar com o aparecimento das kachinas.
Durante as cerimônias kachina, cada criança recebe sua própria boneca. As bonecas são levadas para casa e penduradas nas paredes ou no teto, para que possam ser vistas constantemente pelas crianças. O objetivo dessa prática é ajudar as crianças a aprenderem o que são as kachinas, desde cedo...

Referências Bibliográficas (Links):

domingo, 17 de janeiro de 2021

A Tribo do Caboclo Cobra Coral...


Os Índios Hopi

Segundo as tradições dos índios Hopi, a história da humanidade está dividida em períodos a que chamam Mundos. São ao todo sete, agora estamos no quarto. O nome com o qual se conheceram os aborígenes do Novo Mundo, após o erro inicial de Colombo, ao pensar que o território aonde havia chegado era a Índia, foi o de "índios americanos". Foram classificados por muitos nomes e adicionados a muitas culturas, porém quase todos os antropólogos são de opinião que sua origem é asiática, que a maioria chegou cruzando o estreito de Bering e que sua migração começou provavelmente desde o final do Pleistoceno.
Esse foi um período da era quaternária que sucedeu ao Plioceno da terciária. É o período geológico mais recente, e se considera, geralmente, que durou aproximadamente um milhão de anos. Foi caracterizado pelas grandes variações climáticas e a extensa glaciação do hemisfério norte, o que fez a humanidade afetada migrar durante milhares de anos. Supõe-se que teriam levado consigo toda a sua cultura, superior apenas à existente na idade da pedra.
Essas pessoas que pertenciam ao tronco mongol geralmente tinham o cabelo negro e liso, rosto arredondado, nariz muitas vezes proeminente, incisivos em forma de pá, uma cor de pele que varia do avermelhado ao moreno e não costumavam apresentar muito pelo no rosto e no corpo. Um dos componentes desse gênero são os chamados índios Hopi.
Atualmente, vivem em uma reserva, das originadas no final do séc. XIX e início do XX, pelo governo norte-americano, em um território na costa do Pacífico que compreende o norte do Arizona e parte do Novo México, lugar que combina um deserto árido com um trecho de frondosa vegetação que circunda a costa. Antigamente, ocupavam a meseta central dos Estados Unidos.
Pode-se englobar os Hopi como um povo ameríndio pertencente ao grupo Shoshón, da família linguística Yuco-asteca e membro integrante dos denominados Índios Pueblo. Em suas terras semiáridas cultivam milho, feijão, abóbora e tabaco, tudo isso auxiliado pela caça, pesca e pela colheita de frutos silvestres como nozes e sementes, sempre dependentes da chuva, o que se reflete em suas práticas religiosas, caracterizadas por um alarde de simbolismo e rituais vinculados com irmandades ou sociedades semi-secretas.
Antigamente, o único animal que regularmente teriam domesticado era o cão, ainda que também enjaulassem aves, muito apreciadas pela beleza de suas penas. Vestiam roupas de algodão silvestre fabricada por eles mesmos. Os homens eram e são grandes tecedores. Fabricam o tecido utilizado por todas as tribos do Novo México para a confecção de seu traje tradicional, com faixas de desenho geométrico, trançadas ou bordadas.
São regidos por um sistema de clãs e possuem um excelente sistema de governo municipal. Surpreendentemente, são os únicos que ainda não tiveram seus costumes contaminados pelo contato com outras civilizações, como a espanhola ou a americana. Desse modo, conservam seu antigo vestuário, suas crenças, seu folclore e principalmente suas tradições de séculos, e talvez de milênios.
Por tudo isso, há muito tempo, têm atraído a atenção dos antropólogos, tanto profissionais quanto amadores. São considerados relíquias do que talvez tenha sido um prolongamento setentrional, no tempo, da genuína civilização mexicana, e o povo mais rico em conhecimentos esotéricos.
Nesse sentido, de sua cultura se destaca a precisão dos oráculos. Toda a comunidade consulta suas ações com os espíritos Pais da Natureza, pois para eles cada ação repercute no futuro e por sua vez é produzida por ações passadas. Os Pais da Natureza são para os Hopi deuses, aos quais rendem culto. O mais venerado é o Grande Espírito Masau, pai dos pássaros. Segundo os índios, estes levam de um lado a outro o destino dos homens e são os únicos que conhecem suas ações, se serão benéficas ou não.
O traço específico desse oráculo é uma leitura baseada na posição de quatro penas pertencentes a pássaros da região: a águia calva, a grande garça, o pescador real, o que consideram mimado pelos deuses e o bico duro de peito colorido.
Porém, sem dúvida, o que tem despertado a curiosidade dos investigadores é a tradição que passa de geração em geração sobre sua história, seus costumes e seus mestres. Os Hopi contam que a sua sabedoria lhes foi dada por seres vindos das estrelas, a quem ainda representam em estátuas de cerâmica que vendem aos turistas. São os Katchinas, cujas cabeças são ocultadas sob um capacete de aparência Astronáutica.
Dizem que seus conhecimentos e tradições foram adquiridos há milênios em sua terra natal, a que se referem com o nome de Kasskara. Estava situada em um afastado território mais ao sul, território que foi vítima de grandes catástrofes, cataclismos naturais e guerras cruentas em que quase toda a sua raça desapareceu. Era o fim do Terceiro Mundo.
Segundo as tradições dos índios Hopi, a história da humanidade está dividida em períodos que eles chamam de Mundos. No total haverá sete, atualmente estamos no Quarto. Parece que as transições entre um e outro estão rodeadas de catástrofes espantosas de que somente se salvam uns poucos eleitos que são a semente do Mundo seguinte. O germe de uma nova humanidade.
As catástrofes que põem fim ao mundo correspondente são depurações do Criador, devido ao fato de a humanidade deixar de viver em paz e harmonia com o espírito. Isso foi o que ocorreu com o Primeiro Mundo, no qual o Espírito Criador situou os seres humanos, precisamente para que vivessem essa paz e harmonia. Quando se rompeu, os que estavam dispostos a seguir o Caminho Sagrado foram enviados ao Grande Canhão, orientando-os que levassem reserva de alimentos. Os vulcões entraram em erupção, e o fogo destruiu tudo.
Uma vez recuperada a terra dessa depuração, os homens saíram de seu refúgio e a repovoaram dando origem ao Segundo Mundo. Porém, com o tempo, voltaram a perder o equilíbrio e deixaram de escutar o Espírito. Chegou um novo desastre: os pólos terrestres perderam a proteção e a terra girou livremente. Produziu-se uma mudança nos pólos e os vendavais açoitaram a terra. O gelo cobriu grandes extensões de terreno.
Novamente voltou-se a repovoar a terra, e a humanidade felizmente progrediu. Os avanços de todo tipo foram espetaculares, porém a ciência foi mal utilizada. Em Kasskara, existia outro povo, da mesma origem chamado o País do Leste, que quis dominar tudo, pois se considerava dono absoluto do mundo. Quis fixar fronteiras e quando o País do Oeste se negou, teve início uma cruenta guerra na qual foram empregadas terríveis armas de extermínio.
O Grande Espírito presenciava os acontecimentos com pesar, até que ordenou que os oceanos transbordassem, caíram grandes chuvas do céu; tudo foi inundado. A memória dos índios Hopi remonta a essa etapa e a esse Mundo chamado Kasskara. Dizem que formava um imenso continente situado no oceano pacífico.
Então apareceram os Katchinas, que em sua língua significa Veneráveis Sábios, Mestres. Vieram das estrelas a bordo de escudos voadores que, segundo explicam os Hopis, tem forma de lentes. Ajudaram-nos na batalha. Tinham um sistema para rechaçar as armas dos inimigos, escapar do desastre, transportando alguns deles em seus escudos – os encarregados de explorar os novos territórios – e a grande maioria foi a bordo de barcas, percorrendo um longo trecho até o nordeste.
Recordam em suas tradições as penosas travessias de uma densa selva, o fato de se terem deparado com uma grande parede de gelo que os fez retroceder e, finalmente, chegaram aos férteis terrenos, muito mais ao norte, onde todos se reuniram. Os Katchinas lhes ensinaram a cultivar a terra, a observar os céus, a aplicar as leis e muitas coisas mais. Conseguiram que quase todo o seu povo fosse salvo. Para alguns foi solicitado que viajassem até o Leste, e esse povo foi denominado "o Verdadeiro Irmão Branco", os que ficaram no oeste formaram os primeiros Hopi.
A nova terra dos Hopi recebeu o nome de Tautoma-la (Tocada pelo Raio) e também chamaram assim a primeira cidade que erigiram às margens de um grande lago. Essa cidade foi identificada por alguns como Tiahuanaco, com o que o lago seria o Titicaca, na fronteira do Peru com a Bolívia. Posteriormente, um cataclismo sacudiu a cidade destruindo-a, e a população se dispersou pelo continente formando distintos clãs. Alguns iam em companhia dos Katchinas que às vezes os ajudavam.
Construíram uma cidade que chamaram "A Cidade Vermelha". Muitos pensam que poderia ter sido Palenque, no Yucatán Mexicano. Ali estabeleceram uma Escola de Aprendizagem - provavelmente iniciática - cuja influência ainda pode ser comprovada entres os Hopi. Os Mestres foram possivelmente os Katchinas, e os ensinamentos correspondiam à história dos clãs, à natureza: as plantas, os animais, o homem e suas funções físicas e psíquicas, e finalmente o cosmos e sua relação com o criador.
Houve período de numerosos confrontos entre as cidades de Yucatán, e os Hopi empreenderam novamente sua migração para o norte. Nesses tempos, os Katchinas abandonaram a terra; em seus escudos, suas grandes aves voadoras, regressaram às estrelas, com a firme promessa de retornar. Os Hopi mantêm vivas essas tradições de seus ancestrais e sustentam que quando for necessário, seus mestres voltarão para resgatá-los de um quarto desastre. À vista dessas tradições, é fácil vincular a procedência de lendas que falam de mestres ou deuses cujos ensinamentos, uma vez divididos, voltam a seu lugar de origem, com os Hopi. Circulam pelas grandes culturas meso-americanas, e falam de Quetzalcoatl, ou serpente emplumada, Kukulchan, Viracocha, ou homem branco, etc. Também a ideia de diversos mundos subjaz na tradição maia e asteca, bem a de que o primeiro desapareceu por causa do fogo, outro pelo gelo e outro por um grande dilúvio universal.
Os Katchinas nunca foram considerados pelos Hopi como deuses. Desde o primeiro momento souberam que eram Sábios Mestres, e assim o transmitiram e seguem transmitindo. Tinham um corpo físico, aparência de homens e em muitos aspectos se comportavam como tal, porém dispunham de conhecimentos muito superiores aos do homem.
Possuíam artefatos voadores que se moviam graças a forças magnéticas, escudos que afastavam os projéteis inimigos, engendravam filhos em mulheres sem contato sexual e se tudo isso não for bastante surpreendente, dominavam a arte de cortar e transportar enormes blocos de pedra. Também sabiam construir túneis e instalações subterrâneas. Situando-se num plano cósmico de ingerência direta, intervieram no trabalho humano ensinando muitas de suas habilidades.
Será necessário esperar para ver o que ocorrerá num futuro mais ou menos próximo, porém segundo as tradições dos índios Hopi, as catástrofes anteriores podem ser identificadas: no final do primeiro mundo, poderia se estar referindo a uma extraordinária atividade vulcânica que aconteceu há cerca de 250 mil anos. A segunda catástrofe seria a era glacial, que afetou todo o hemisfério norte e que alguns datam de 100 mil anos atrás. Por fim, a última coincidiria com a tradição universal do dilúvio, que se poderia situar há aproximadamente 12 mil anos. Como se pode ver, as tradições Hopi têm sua lógica.

Referências Bibliográficas:
Las Profecías de la Tierra.- Ed. Martínez Roca, 1993.
¿Una cultura madre venida de las estrellas? – Antonio Pérez e Iván Hitar. Internet.
Los Hopi.- Enrique Durán. Internet.
Josef f. Blumrich. Internet.
Rosa Torres

*Texto extrído ipsis litteris da Revista Esfinge.
**No texto acima, é possível perceber toda a História da Etnia Hopi, desde a sua origem até os dias atuais. O texto foi publicado a pedido do Caboclo Cobra Coral, para esclarecer sobre sua origem e sua Tribo... 

quinta-feira, 7 de janeiro de 2021

Onde viveu o Caboclo Cobra Coral?


Hoje, através dessa postagem, queremos provar e comprovar a vocês que o Caboclo Cobra Coral existiu verdadeiramente.
Muitas pessoas acreditam que a maioria das histórias são inventadas, imaginadas ou forjadas.
Podem existir, realmente, médiuns corrompidos por sua soberba e orgulho, repassando informações equivocadas acerca das Entidades.
Entretanto, precisamos entender e aceitar que a verdade sempre aparece!
Por conta de pessoas que fazem mau uso da mediunidade, bons médiuns sofrem retaliação.
Infelizmente, bons e maus devem conviver para aprender a tolerância e a magnificência. De que outra forma, saberíamos o que é certo ou errado?
Assim, Deus, em sua infinita bondade, permitiu a convivência de pessoas de todos os tipos, para que os maus aprendam com os bons e para que os bons sejam humildes.
Por conta disso, o Caboclo Cobra Coral gentilmente nos pediu para procurar sua origem e nos direcionou ao local adequado.
"Cobra Coral" viveu no território norte-americano, entre os Índios Nativos da Etnia Hopi. Para todos os integrantes dessa Tribo, era normal alguém conviver com as cobras.
Cada integrante da Tribo tinha um dom especial. Alguns se davam bem com as pitons, outros com as najas, muitos com as cascavéis, enquanto ele, gostava mesmo era das corais.
Sua experiência com as cobras corais ocorreu desde o seu nascimento, como já foi relatado em sua história...
A Tribo toda podia manusear cobras, sem qualquer receio, pois em sua origem ancestral aprenderam a domesticá-las e a utilizá-las.
Haviam os índios que manuseavam cobras mais comuns, como: as jiboias, as anacondas e as coloridas... No entanto, aqueles que possuíam uma missão junto a Tribo, eram agraciados com o dom de manipular os venenos mais potentes.
Para festejar esse "poder", a Tribo sempre se reunia em Festejos diversos e dançavam com as cobras vivas enroladas no corpo ou presas em seus lábios.
Esse feito era reconhecido pelos inimigos da região e muitos evitavam a aproximação com a Tribo, pois não queriam ser mordidos pelas cobras dos seus vizinhos...
Todas essas qualidades são reconhecidas e relatadas em muitos livros, em inúmeras bibliotecas, em diversos museus, em várias imagens e em diferentes esculturas.
Enfim, o Caboclo Cobra Coral cumpre a sua missão junto a Humanidade!

Conforme o texto acima, é possível verificar que a Tribo do Caboclo Cobra Coral pertence a Etnia Hopi... E como se pode perceber, para os integrantes dessa Tribo era normal conviver com cobras.

Item #850W- Large Vintage Hopi Snake Dancer Silver Overlay Bolo ...

domingo, 3 de janeiro de 2021

Os balangandãs, a alegria, a resistência das mulheres negras baianas...

 

Texto extraído do seguinte endereço: Revista "Mistérios de Orunmilá"

O chacoalhar dos balangandãs há tempos deixou de ser escutado pelas ruas e vielas das cidades baianas. Alguns exemplares são encontrados em pontos turísticos como o Mercado Modelo e o Pelourinho, além de algumas joalherias. A maioria é apenas banhada em prata, vendido como amuleto de proteção e boa sorte e geralmente usado como enfeite em alguma prateleira de lembranças de viagem. Pouco é visto ou sentido sobre o significado histórico do balangandã, usado preso à cintura pelas mulheres negras baianas entre os séculos XVIII e XIX. É um emblema de resistência, luta e fé que marca o protagonismo delas na luta contra a escravidão e opressão dos brancos. A joia forma uma penca composta de pequenas pecinhas penduradas vinculadas ao culto dos Orixás, às práticas católicas e ao islamismo dos escravos muçulmanos, os malês, que foram trazidos aos milhares para a Bahia naquele período. A eles é creditada sua confecção, por suas técnicas aprimoradas de fundição de metais.
Os balangandãs eram feitos em prata, majoritariamente, ou ouro. Eram usados presos à cintura por argolas e uma corrente, tiras de couro ou pano e, como todas as outras joias permitidas para mulheres negras naquela época, só eram usadas pelas já libertas, mucamas, amas de leite e escravas de ganho. Estas últimas tinham permissão para ir e vir, vendendo frutas, verduras e quitutes nas ruas, geralmente sobre tabuleiros. A maior parte do dinheiro das vendas ia para o dono. O pouco que sobrava podia ser usado para comprar roupas, joias, enfeites, tudo muito bem delimitado pelos brancos e, mais importante, para comprar a alforria, o direito à liberdade. As que conseguiam deixar de serem escravas, em sua maioria, mantinham e prosperavam em seu comércio, e faziam questão de expor e ostentar essa condição em suas vestimentas de tecidos luxuosos, rendas finas, sob sofisticados panos da costa de África, cobertas de pulseiras, braceletes, colares, anéis, brincos, cada vez mais exuberantes e exóticos, em ouro, prata, marfim, coral, madeira, cobre, e hoje notabilizadas na joalheria brasileira e conhecidas em todo o mundo como “joias de crioulas”.
As “joias de crioulas” apresentam diferentes tamanhos e ornatos, mas sua principal característica sempre foi o exagero na quantidade usada de uma única vez. Podiam ser luxuosas ou de confecção simples, desde que fossem volumosas e brilhantes. Muitas escravas usavam joias colocadas pelos seus próprios senhores, que desejavam assim expressar publicamente posição social, poder e posses. Para as libertas, as joias e as vestes exuberantemente sincréticas e identitárias, significava burlar e enfrentar as determinações dos escravagistas brancos. Roupas luxuosas, joias da ourivesaria europeia eram proibidas para negras e negros. Os escravos não podiam usar sapatos, só os libertos.
Todas eram também amuletos de proteção e expressão de reverência. Cada uma possuía uma função e seu poder simbólico específico, mas nenhuma das “joias de crioula” supera a mística poderosa do balangandã, assim chamado por causa do barulho que fazia quando suas portadoras se movimentavam, fazendo as pecinhas da penca balançarem e baterem ritmadas umas nas outras e na nave, a estrutura em forma de navio em que elas ficam penduradas. Sua composição era inteiramente pessoal, apesar dos elementos representativos serem semelhantes e alguns balangandãs chegavam a conter mais de 50 pecinhas, entre eles, miniaturas de peixe, arco, flecha, machado, espada, figas, cachinhos de uva, chaves, romã, dentes, moedas, argolas, crucifixos, miniaturas de Nossa Senhora, saquinhos com pós mágicos. A disposição na cintura – regida pela Orixá Oxum, Deusa da Fertilidade na crença Iorubá – dava-se por meio de argolas individuais, tiras de couro e correntes de prata, e os berloques possuíam leitura simbólica intencionalmente organizada e sacralizada em rituais especificamente destinados à sua portadora. Só então podiam ser utilizados nas ruas.

FUNDAMENTO ANCESTRAL

Segundo alguns autores, a origem dos balangandãs relaciona-se com a sociedade secreta Ogboni, conselho de altas funções, uma espécie de corte de justiça do império de Oyó e dos reinos iorubás, que tem Oxum como Orixá protetora e cujos anciãos usavam na cintura uma peça chamada edan. Esse adereço é uma corrente de cerca de 30 cm em cujas duas extremidades há um pequeno bastão de bronze: um representa o sexo feminino, outro, o masculino.
Há exemplares das “joias de crioula”, incluindo os balagandãs, nos acervos do Museu Nacional de História, e outros, como o museu Carlos Costa Pinto. Nenhum deles, principalmente o segundo, consegue transmitir na forma e contexto das exposições a significação do protagonismo da mulher negra na Bahia na luta contra a escravidão. Para ver e viver isso, é preciso ir no mês de agosto a Cachoeira, cidade do Recôncavo Baiano, a 110 quilômetros de Salvador, onde nasceu Mãe Beata de Yemonjá. É quando a Irmandade da Boa Morte realiza a Festa de Nossa Senhora da Boa Morte. No terceiro dia das festividades, as senhoras descendentes de escravas trajam suas becas, usam as joias, os balangandãs herdados das mulheres de suas famílias que ficam tutelados nessa congregação de mais de duzentos anos que representa a ancestralidade dos povos africanos escravizados e o papel de enfrentamento político, sócio-econômico e religioso das negras.
A atuação das primeiras Irmãs da Boa Morte teve significado político, social e, significativamente, religioso. Segundo Pierre Verger (1992), foi como organização advinda das mulheres adeptas à confraria de Nossa Senhora da Boa Morte que teria sido fundado, no início do século XIX, o primeiro Candomblé Ketu de Salvador. A partir de 1820, a Irmandade se expandiu para Cachoeira, cidade onde ainda hoje preserva seus rituais públicos e secretos. Sobre sua criação, Dona Estelita de Souza Santana, juíza perpétua da Irmandade, falecida em 2012 aos 104 anos, declarou: “Foi uma promessa que os escravos fez na luta, no sofrimento, que eles alcançassem a liberdade que a morte seria desaparecida, porque a morte é o sofrimento e a vida é glória. E a glória é para sempre”. Apesar de suas raízes estarem ligadas a Salvador, foi em Cachoeira que a irmandade prosperou com a luta das mulheres negras contra o regime escravagista, comprando cartas de alforria e oferecendo fuga aos escravos, além de preservar os rituais das religiões de matrizes africanas, sob o manto do sincretismo mantido até os dias de hoje. Nos tempos da escravidão, elas faziam a procissão pedindo o fim da escravidão para Nossa Senhora da Boa Morte.
Com mais de dois séculos de história, as irmãs mantêm a tradição distante de possíveis modificações em sua estrutura. A Irmandade é integrada somente por mulheres com mais de 50 anos, negras, descendentes de escravos e todas devem ser praticantes do Candomblé e do Catolicismo popular. A parte pública da Festa da Irmandade tem fortes traços sincréticos e recebe influências da religião católica e do candomblé. Alguns dias antes de começar a Festa da Boa Morte, as integrantes da irmandade saem pelas ruas da cidade pedindo esmola para comerciantes, turistas e moradores. Esse ritual faz parte das obrigações das irmãs e é considerado um ato de fé e humildade que devem cumprir. O objetivo é arrecadar doações para a realização da festa.