quinta-feira, 4 de outubro de 2018

"Sultão das Matas"

Aquele que comanda todos os animais.

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"Eu nasci entre o Povo Maia, há mais de três mil anos... Dominamos as Américas. Éramos extremamente evoluídos. Mas, vocês já sabem disso. Nosso Reino era imensamente vasto, tão vasto, que seria impossível descrever seu tamanho e sua grandiosidade.
Desde cedo eu fui criado para ser um líder em nossa região. Por isso, tive o privilégio de conhecer todo o Reino. Meu pai era um Conselheiro do Chefe Supremo e eu o acompanhava sempre... Com o tempo, pude me locomover sozinho por onde quisesse.
Para ser definido o líder de uma Casta, todos os meninos passavam por testes para verificar seus dons. Como o nosso Povo era muito numeroso, éramos divididos em Castas - vocês poderiam chamar de 'Tribos'. Em cada Casta, pelo menos um ou dois meninos eram escolhidos.
Quando tornei-me adulto, tive a liberdade de viajar para outras terras, então, pedi permissão e parti... Naquela época, os pais jamais interferiam na decisão de um filho com predestinação de liderança. Eles sabiam que os deuses comandavam tudo.
Nosso povo sempre acreditou em divindades superiores e em forças maiores. Também sempre cultuamos as energias da Natureza e do Universo. Para nós, o perfeito equilíbrio entre o bem e o mal estava em honrar o que foi estabelecido.
Quando deixei minha Nação, olhei uma última vez para trás... Todos vocês já fizeram isso, tenho certeza. Então, segui em direção do Rio que divide as Nações. Ao atravessar o Grande Rio eu entraria em território desconhecido.
Cheguei a uma planície onde haviam muitos animais de muitas espécies que vocês desconhecem, porque já estão extintos. Aproveitei para descansar, caçar, me alimentar e conhecer a região... Algumas onças da espécie jaguar aproximaram-se e eu emiti um sinal. A líder do bando veio até mim.
A partir de agora vocês conhecerão o meu dom e porquê fui escolhido líder...
Com a mão espalmada em sua direção e os olhos para o chão chamei-a. Ela respondeu... Ela agora me entendia. Eu podia fazer isso com todos os animais da floresta: répteis, anfíbios, aves, mamíferos ou insetos...
Eu podia manipular as abelhas sem ser ferroado por elas; podia extrair o veneno das cobras sem ser picado; podia montar um cavalo selvagem, que ele me levaria onde eu quisesse; enfim, eu podia morar na selva e viver como quisesse... Mas, eu tinha um compromisso com meu povo e apenas um determinado tempo para ficar longe.
Prossegui minha jornada por mais três sóis e iniciei meu retorno. Vi coisas diferentes pelo caminho e teria muitas histórias para contar ao meu povo. No fim do primeiro sol, estava descansando em uma superfície acidentada de um planalto, quando fui surpreendido pela agitação dos animais, que queriam me avisar de alguma coisa...
De repente fui arrastado, estava capturado no meio de uma espécie de rede. Tentei lutar e me soltar, mas não consegui... Fui sendo arrastado pelo caminho. Em um solavanco me ergueram e me colocaram em uma espécie de barco e partiram... Quando retiram a rede e me jogaram ao chão eu estava em uma terra diferente.
Eles não falavam minha língua e eu não falava a língua deles. Vestiam-se com peles. Usavam chifres na cabeça e armas que pareciam machados. Mais tarde eu descobri que eram Vikings... Com o tempo percebi que eles queriam aprender meus costumes para conquistar nossas terras.
O mesmo dom que me manteve vivo durante minha jornada ainda fazia parte de mim. Então, pensei em como poderia usá-lo para escapar dessa terra distante...
Já haviam se passado quatro sóis completos de minha permanência no meio dessa gente. Eu os considerava como bárbaros capazes de qualquer coisa. Imaginei que se chegassem até nossa terra seriam capazes de qualquer coisa.
Quando finalizou o quarto sol, eu coloquei meu plano em prática e iniciei minha fuga. Consegui que roedores roessem minhas cordas. Um cavalo veio até mim... Outro cavalo me trouxe água e comida. E os demais animais criaram uma bagunça na Vila dos Bárbaros Vikings.
O cavalo que me serviu de montaria me levou até o mar... Agradeci a ele e entrei no mar. Nesse momento, os Vikings já deviam ter sentido minha falta e percebido a minha fuga. 
Eu nunca tentei comandar os animais aquáticos, porque esse era um privilégio de poucos. Seria minha primeira experiência, mas eu precisava tentar... Fiz círculos na água com as duas mãos e emiti sinais sonoros com a boca e, em pouco tempo, dois golfinhos se aproximaram de mim. Segurei em suas barbatanas e eles me conduziram até uma ilha.
Nessa ilha fiquei por uma ou duas luas até descansar, e meus amigos golfinhos ficaram por perto. Quando eu estava restabelecido fiz uma jangada e, com a ajuda dos golfinhos, segui viagem...
Eu cheguei em minha Nação dez sóis depois de minha ausência. Meu povo quase não acreditou no que viu... Eu não percebi mas, quando entrei em minha cidade, me acompanhavam: dezenas de leopardos, muitas onças pintadas, várias suçuaranas e diversos outros animais.
Então, começaram a exclamar: 'Ele é um Tepeyollotl! Ele é um Rei das Matas.' (E todos se ajoelharam...) Minha mãe correu e me abraçou e meu pai explicou: Meu filho, eles te consideram um Tepeyollotl..."

O Caboclo Sultão das Matas, não utiliza o termo "Tepeyollotl" por ser de difícil pronúncia. Ele também não usa o termo "Rei" por se referir a um Cargo Político. Por isso, usa o termo "Sultão", pois este se refere a uma Autoridade Espiritual. A complementação do nome "Sultão" das Matas, indica que ele é um Guia Espiritual que atua na Linha de Oxóssi.

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*OBS > Nesse post vocês observam duas imagens: a primeira, refere-se a aparência espiritual; a segunda, refere-se a aparência de sua existência carnal como "Tepeyollotl".