quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Quem são os Marinheiros na Umbanda Sagrada?

"Salve o Povo do Rio! Salve o Povo do Mar!
Salve o Povo das Águas!
E quem não é do Rio e não é do Mar?
Então, não sabe nadar...
Tenha cuidado, pra não se afogar!"

Os Marinheiros atuam na Linha das Águas, auxiliando as Mães d'Água... E assim como os demais Trabalhadores da Umbanda, existem Entidades de todas as idades (Masculinas, Femininas e Infantis), trabalhando entre o Povo da Marinha. 
Eles realizam passes de cura e descarrego, fluidificando e energizando o médium e a assistência. Incorporam balançando, como se fosse o balanço das Águas... Com muita paciência, alegria e receptividade, eles ajudam no equilíbrio energético do ambiente.
Por isso, durante os Trabalhos de Gira, os Marinheiros gostam de beber e de fumar... Mas, muitas vezes, apenas seguram a garrafa embaixo do braço. Entre as bebidas preferidas está: o Rum, o Conhaque e o Whisky. No passado, essas bebidas eram curtidas em Tonel ou Barril de Carvalho.
A saudação para os Marinheiros é: "Acosta Marinheiro! Ei Marujo... Ei Marujada! Salve os Marinheiros!" Mas, também pode ser usada uma saudação pessoal para a Entidade, como por exemplo: "Salve Senhor Capitão!"


Aqui segue a história de um Marinheiro que foi Marujo em um Navio Mercante Espanhol. Ele viveu no século XVIII e navegou pelos Sete Mares. Seu nome era José Mário Hernandez...
Ele tinha apenas 14 anos de idade, quando foi trabalhar no Mar para alimentar os sete irmãos mais novos. Seu pai tinha sido Capitão e morreu em Alto Mar. E ele, como irmão mais velho, assumiu a responsabilidade de cuidar da família. Por isso, seu soldo (pagamento) era enviado diretamente à família...
Viajando ele aprendeu como funcionava a vida no Mar; conheceu Terras Longínquas, com Culturas diferentes e outros Costumes. Quando iniciou no Navio, achou que não se acostumaria a essa nova vida mas, em pouco tempo, sentiu que o Mar era a sua vida, pois a cada dia havia uma novidade.
José Mário amadureceu, cresceu e tornou-se um homem no Navio. Fez amigos e foi acolhido como um irmão por todos. Num navio os Marujos são muito unidos e se defendem, mas se há algum traidor ele logo é dispensado.
José Mário passou o melhor e o pior de sua vida no mar. Com 27 anos se tornou o imediato do Navio e auxiliava o Capitão em suas tarefas. Como sabia ler e escrever, isso fez toda a diferença na hora de assumir seu posto.
Em uma viagem para a Costa do Marfim, em busca de ouro, o Navio foi atacado por Piratas e saqueadores. A ordem era sempre defender o Navio e a carga, mesmo que isso custasse a vida... E foi com a vida que o Capitão defendeu sua marujada e seu Navio... José Mário assumiu, então, o posto de Capitão e tornou-se o Chefe do Navio e de sua tripulação.
No decorrer dos anos José conheceu o amor de sua vida: uma camponesa que vendia flores no Porto de Marselha. Casaram-se e tiveram dois filhos, um casal. Ele permaneceu no cargo de Capitão por mais de vinte anos!
Em uma noite, ao sul da África, foram atacados por Piratas e traficantes, que se uniram para saquear a carga de pedras preciosas que o Navio transportava. Assim como seu Capitão, José Mário também tombou em combate, para salvar a carga e sua tripulação.
Antes de dar o último suspiro pediu à Rainha das Águas que recolhesse seu corpo e lhe permitisse trabalhar depois de morto, mesmo que fosse em um Navio fantasma. E assim foi, que José tornou-se um Marinheiro no Plano Espiritual e passou a atuar na Umbanda Sagrada.