ENERGIA ESSENCIAL

A energia essencial, aquela que existe desde o começo dos tempos, ainda circula entre nós, por causa daqueles que preservam o seu fluxo.

Em Física Molecular e em Física Quântica, a energia essencial é aquela que se mantém ativa, mesmo após os processos de transformação da matéria. Ou seja, a energia essencial permanece inalterada, independente do estado físico da matéria.

A Lei da Conservação de Energia afirma que a energia jamais pode ser criada, apenas transformada. Se a energia não pode ser criada, também não pode ser destruída... Dessa forma, mesmo uma energia "ruim" não pode ser destruída.

Quer dizer, a única coisa que pode acontecer com a energia que circula no ambiente, é uma transformação! Mas, como transformar a energia essencial sem afetar a estrutura básica da matéria?

Durante os Trabalhos de Gira no Terreiro os médiuns, através dos Espíritos Guias, manipulam a matéria para fluidificá-la. Essa fluidificação cria uma energia de transformação em torno dos elementos básicos. Nesse caso, a fluidificação só é possível porque a Entidade faz uso da energia essencial.

A Umbanda tem a missão de manipular a energia essencial da matéria, através do trabalho mediúnico. Para tanto, existe toda uma preparação do médium, da Casa e da própria Corrente Mediúnica.

Todo médium precisa entender que nunca, jamais, trabalha sozinho. Além do Espírito Guia presente na incorporação, existe uma Equipe de Mensageiros, além de outras Entidades, acompanhando o Trabalho Mediúnico no Terreiro e controlando o fluxo de energia durante os atendimentos.

Por conta disso, de nada adianta o médium ter mediunidade, sem saber fazer uso de seu potencial dom mediúnico. Infelizmente, médiuns relapsos existem aos montes! Muitos médiuns se acham "superpoderosos" e capazes de manipular energias antagônicas sem o devido preparo.

A energia presente em todas as coisas existentes, torna possível manipular os elementos naturais, desde que se faça a preparação adequada do local. Por isso, existem os pontos cantados, os pontos riscados, o altar, a corrente mediúnica, os elementos fundamentais, etc.

Quando um Trabalho Mediúnico tem início, a "Gira" no Terreiro abre os portais necessários para a transmutação de todas as energias. E no final, a "Gira" finaliza o trabalho para fechar todos os portais.

Por isso, os médiuns saem equilibrados do Trabalho... Porque a "Gira" abriu e fechou corretamente. Caso contrário, um Trabalho mal-feito gera desequilíbrios e sobrecarrega a Corrente, ocasionando distúrbios diversos.

Médiuns que "fingem" ser formados, quando atuam como Dirigentes, transformam a Casa em um local de baixa vibração, atraindo espíritos impuros, zombeteiros e maléficos. Consequentemente, o que ocorre nos atendimentos dessas Casas, causa transtornos futuros na vida das pessoas que ali participam.

Preparar um bom Trabalho Mediúnico é função de todo Babalorixá e de toda Ialorixá, pois eles recebem a formação necessária para exercer essa função. E todos sabem o quanto é demorada uma formação!

É por isso que o comando de uma Casa de Oração exige muita disciplina e dedicação, devido à manipulação de energia... Afinal, manipular a energia essencial é um dom!

OCULTISMO

Quando se fala em Ocultismo, a maioria das pessoas já imagina um monte de indivíduos encapuzados, carregando enormes velas pretas, em um local totalmente obscurecido... Só que a realidade é muito diferente da imaginação!

É preciso entender que, desde os primórdios da Humanidade o Ocultismo existe e faz parte do cotidiano das pessoas. A confusão ocorre porque a maioria sequer sabe o verdadeiro significado da palavra ocultismo.

O Ocultismo, na verdade, é considerado uma Doutrina Secreta, porque reúne vários ensinamentos de práticas ancestrais, que fazem parte de uma Filosofia. As práticas ocultas centram-se na suposta capacidade do praticante em manipular as Leis Naturais para benefício próprio ou de outrem.

Quando a população no Planeta começou a aumentar consideravelmente, muitas Escolas de Conhecimentos Sagrados fecharam-se e passaram a transmitir seus conteúdos de forma velada. Isso aconteceu tanto nas Filosofias Orientais, quanto nas Filosofias Ocidentais.

Nas Filosofias Orientais, podemos citar o Tao, o Talmud, a Cabala Hebraica e a Alquimia. Nas Filosofias Ocidentais, temos o próprio Cristianismo, que iniciou ocultamente e somente depois de alguns séculos se tornou público. E também temos a Wicca (Ocidental) e a Sthreggeria (Oriental)... E tantas outras Ideologias, Crenças e Filosofias.

O próprio Candomblé é considerado uma Religião embasada no Ocultismo. A Umbanda e a Kimbanda também fazem parte da Filosofia Ocultista. Ou seja, todas as Religiões possuem conhecimentos ocultos, porque precisam preservar seus ensinamentos. E ainda podemos citar: o Xamanismo, a Pajelança, o Druidismo, a Jurema, o Catimbó, o Voodoo, o Hoodoo, a Maçonaria, a Teosofia, o Ilusionismo, o Ascetismo, etc.

Praticar o Ocultismo, significa praticar em segredo um conhecimento milenar! Por isso, muitos ensinamentos devem se manter ocultos... Se todos os conhecimentos fossem abertos, muitas Sociedades nem existiriam mais!

O Ocultismo existe porque ajuda a preservar a crença de um Povo. Quando um conhecimento se mantém preservado, significa que ele se manteve oculto. A partir do momento que se revelam todos os segredos, muitos ensinamentos se perdem e muitos fundamentos se corrompem...

A corrupção de valores é o que destrói uma Sociedade. Quer dizer, quando indivíduos mal intencionados fazem mau uso do conhecimento, eles transformam aquilo que era verdadeiro em deturpação. A deturpação cria o caos, que se torna destruição.

Por isso, desde o começo dos tempos, a maior parte dos ensinamentos foram transmitidos de maneira oculta... Para evitar a destruição da Humanidade!

Mironga Mirongueiro!

A palavra mironga, da língua bantu, quer dizer: magia, mistério, segredo, místico, oculto... Consequentemente, Mirongueiro é aquele que pratica o ocultismo...

Um Mirongueiro nas Tribos Africanas antigas era reconhecido como Feiticeiro, Curandeiro, Milagreiro, Necromante, Bruxo, etc. 

Existem palavras que são aplicadas como sinônimos de Mirongeiro, entretanto possuem outros significados bem mais amplos e distintos, como Juremeiro, Catimbozeiro, Mandigueiro, Kimbadeiro, Macumbeiro, Xamã, Pajé ou Adivinho.

O Juremeiro, na verdade, é um Mestre Juremeiro, ou seja, é aquele que comanda o Culto da Jurema Sagrada. Antes de ser "Juremeiro", ou seja, antes do Tombo da Jurema, o participante é chamado apenas de praticante.

Um Catimbozeiro é o praticante do Culto do Catimbó. No Catimbó todas as práticas indígenas primordiais foram unificadas e incorporadas ao Culto.

Os Mandigueiros eram, na verdade, vendedores de artefatos de proteção. Mandingas ou Malinkes eram os habitantes de Mali.

O Kimbadeiro, a bem da verdade, é o Mestre Kimbandeiro. O participante da Kimbanda, assim como na Umbanda, é chamado apenas de médium.

Macumbeiro é todo aquele que pratica a macumba. Quer dizer, é o músico que toca os instrumentos de percussão, como o Curimbeiro, por exemplo.

Xamã é o Líder Religioso do Xamanismo, a Religião Etnográfica dos Povos Indígenas Ancestrais.

O Pajé é aquele que assumiu a função de auxiliar espiritualmente a sua Tribo.

Adivinho é uma pessoa que usa o método da divinação para prever o futuro das pessoas, por meio de oráculos diversos.

Podemos perceber que a linguagem é cheia de sutilezas... Dessa forma, quando pronunciamos uma palavra sem conhecer o seu verdadeiro significado, criamos falsos sinônimos, ou seja, expressões idiomáticas.

Idiomático é tudo aquilo que se originou, especificamente, no idioma de um Povo. Porém, ao ser traduzido para outra linguagem, acaba sofrendo profunda alteração, devido à dificuldade em encontrar palavras idênticas à original.

O Brasil é uma terra de múltiplas miscigenações! Por conta disso, é normal que muitas linguagens se misturem... Enfim, para finalizar eu digo que: "Mirongando o Mirongueiro mirongou!"

Sugestão de material para leitura:

-> Mironga: comida típica.

-> Dicionário da Umbanda.pdf

-> Um pouco de história: mandinga.

-> Música: "A tonga da mironga do kabuletê" (Toquinho)