Antes de prosseguirmos para a narrativa, vale lembrar que São Cipriano foi morto devido a intensa perseguição contra os Cristãos (naquela época), no dia 14 de setembro de 258 d.C.
A festividade de São Cipriano como um Feiticeiro, no entanto, possui uma celebração diferente: 26 de fevereiro. Por conta disso, a figura de "São Cipriano" é bastante controversa!
Também é preciso esclarecer que um Erê (Ibeji) pouco reconhecido na Umbanda Sagrada é o Erê Ciprianinho... Ele existe e trabalha como todo Ibeji, mas, como são raros os Médiuns que trabalham com ele, devido a sua vibração e atuação, é muito difícil ouvirmos referência a este pequeno "Cosminho"!
Nesse caso, os Erês que assumem o nome "Cipriano", assim como os demais Falangeiros de mesmo nome, são entendidos na Arte da Magia. Ou seja, eles já nasceram com esse conhecimento e já conviveram abertamente com a Magia em diversas existências!
A diferença é que a maioria dos Falangeiros que trabalham como "Ciprianos" são adultos! Por exemplo: Caboclo Cipriano das Matas, Preto-velho Cipriano das Almas, Baiano Cipriano, Marinheiro Cipriano das Águas, Cangaceiro Cipriano, etc.
No entanto, diferentemente de um Falangeiro Cipriano, um Erê Ciprianinho desencarnou criança e antes da adolescência. Dessa forma, podemos dizer que todo Ciprianinho é um Pequenino Feiticeirinho, seja ele de: Angola, Aruanda, Congo, Guiné, Moçambique, Nagô, ou outro...
Bom, entendida essa parte aqui, especificamente, vamos relatar a História do Ciprianinho das Almas, que trabalha como Erê na vibração da Linha das Almas.
O Erê Ciprianinho das Almas morreu nos sucessivos ataques sofridos por sua Tribo no começo do século XIX, numa região remota da África Central... Ele tinha apenas 7 anos na época de sua morte.
Em sua Tribo praticava-se a Arte Vodu (Voodoo, Voudu)... Por isso, para eles era normal conviver com os Espíritos de seus Ancestrais, bem como, praticar Rituais de Necromancia.
As crianças de sua Tribo carregavam desde o nascimento pequenos bonecos de Vodu, fabricados por seus avós. Esses bonecos continham amuletos e outros símbolos de proteção, para afastar os maus espíritos e dar vida longa aos recém-nascidos.
Contudo, nenhuma proteção foi suficiente contra a maldade humana! Pois, quando a ação dos Europeus atingiu a África de ponta a ponta, foi como um rastilho de pólvora impossível de conter... Essa ação dizimou e escravizou milhares de Africanos de diferentes Etnias e de diversas regiões.
Os Africanos que resistiram e lutaram foram massacrados! E aqueles que se submeteram foram escravizados... Sua Tribo lutou bravamente, pois eram excelentes Guerreiros Vodus! Além da Magia, sabiam manejar lanças, arpões e flechas. Contudo, quem pode segurar uma arma de fogo? E dessa forma, a Tribo de seu Povo foi totalmente dizimada! Porque resistiram e lutaram...
Após a batalha sangrenta, a maioria dos Espíritos de sua Tribo, acompanhou os escravizados de outras Tribos, para a Nova Terra para a qual foram destinados... E foi assim que alguns Espíritos Ancestrais do Vodu chegaram às Américas!
Alguns Espíritos se estabeleceram com seus compatriotas em solo Norte-americano e ajudaram a propagar o Hoodoo e o Voodoo nos Estados Unidos... Outros desembarcaram na América Central e propagaram a Santeria.
A partir daqui é o próprio Ciprianinho quem relata:
"Eu, com minha família, vim para a América do Sul ou, mais especificamente, para o Brasil. Chegando aqui, nos dispusemos a ensinar aos nossos irmãos africanos e seus descendentes o Vodun. Aqui trabalhamos com a Nação Jeje do Povo Ewe Fon. Mas, nem todos estavam dispostos a se comprometer tão profundamente com uma Religião que exige tanta dedicação! Com isso, muitos conhecimentos de nosso Povo se perderam no tempo... E nós tivemos que esperar!
Agora, dois séculos depois de meu desencarne, além de servir a minha antiga Nação Jeje, também estou trabalhando na Umbanda... Nós entendemos (eu e minha família), que não importa onde estamos trabalhando, o que importa é ajudar o maior número de pessoas! Por isso, aqui estou..."
