Pequeno Vocabulário de Umbanda

 

Abaixo, segue uma lista de palavras utilizadas nas reuniões de Umbanda...

ABA: Cuidado, não maltratar
ABABA: Alguidar, cuia de barro
ABACÊ: Local das cerimônias (Terreiro, Stadium)
ABARÁ: Massa de feijão branco
ABERÊ: Indagador, bisbilhoteiro
ABEREM: Milho verde socado
ABÓ: Meio (metade)
ABÔ EXIM: Égua (animal)
ACAÇÁ: Massa de milho branco
ADAM: Rato
ADO: Milho maduro em grão
ADUM: Doçura, meiguice
AFOCHÊ: Instrumento musical, dança ritual
AFURÁ: Bolo de arroz com mel de abelha
ÁGUA QUE QUEIMA: Álcool
ÁGUA AZEDA: Vinagre
AGEUM: Comida de Santo (dada aos convidados)
AGÔ: Licença
AGÔ-IÊ: Dai-me Licença
AGRADO: Presente
AGUNJAIÁ: Puxa-saco
AMALÁ: Comida de Santo (específica p/entrega ao Santo)
APÔ: Javali
AQUANANÃ ou ADÉ: Homossexual
ATARÉ: Pimenta da costa
BABÁ: Pai
BABÁ AGBÁ: Avô
BAJÉ: Podre
BAMBÁ: Temível, valente
BINGA: Coité de chifre
BURRO: Médium (termo usado pelos negativos)
CABA: Abelha
CABALA: Ritual e liturgias secretos
CACURUNCAIA: Velha (mulher)
CACURUQUÊ: Velho (homen)
CAFIOTO: Criança (menino ou menina)
CAFUNGA: Tristeza
CALANGO: Víbora
CAMATUÊ ou CAMATULÊ: Cabeça (de pessoa)
CARNE DE SOL: Carne-seca
CALUNGA PEQUENA: Cemitério
CALUNGA GRANDE: Mar
CARTOLA: Médico ou qualquer Doutor...
CASA BRANCA: Hospital
CASA DE GRADE: Cadeia
CAVALO: Médium (termo usado pelos positivos)

CAVALO DE DUAS RODAS: Motocicleta

CAVALO DE QUATRO RODAS: Automóvel
CURIAR: Comer ou beber
CURIMAR: Cantar
CURIMBAR ou CORIMBAR: Dançar, cantando
DEKÁ: Diploma, Certificado Sarcedotal
ELEDÁ: Pai(s) de cabeça + adjuntores (juntós)
ERÓ: Mistério, Cabala
JABÁ: Esteira
JALAPO: Açúcar
MÁSIA: Água
MASÍA: Vento
NANGA: Roupa de trabalho (geralmente branca)
PONTA BRANCA: Cigarro
QUIZILA: Alergia; força contrária agindo...
SACATRAPO: Charuto
SALUIM: Dia dos mortos
SUNDA: Nome

TRONQUEIRA: local de firmeza do Terreiro.
TUIA: Pólvora
TUFADO: Temporal
ZIMBA: Assinatura, ponto riscado

ZIMBO: Pequena concha utilizada como barganha; dinheiro.

*Extraído de algumas Apostilas do Culto Umbandista... Mas, para melhor compreensão, segue o link do Livro Dicionário da Umbanda Sagrada.

A missão de cada um...

Cada ser humano na Terra possui uma missão própria e única de vida. De acordo com suas Vidas Passadas, de acordo com suas dívidas Khármicas, de acordo com seus méritos (Dharma), cada ser encarnado recebe um roteiro para ser seguido.

Cada pessoa nasce em um dia e horário específico... Mesmo aquelas que nascem no mesmo dia e mesmo horário, possuem locais diferentes de nascimento. Para nascer no mesmo dia, no mesmo horário e no mesmo local, elas teriam que ser paridas juntas e lado a lado... Já que gêmeos nascem com diferença de alguns minutos.

Ou seja, é impossível duas pessoas nascerem exatamente no mesmo posicionamento, com o mesmo dia e o mesmo horário atuando e no mesmo milésimo de segundo. O que isso significa? Que em cada ponto específico da Terra existe uma energia única atuando/vibrando e uma Lei agindo sobre aquela pessoa.

A data de nascimento da pessoa serve de base para o cálculo do Odu pessoal. Através do Odu (Caminho do Orixá) é possível determinar a missão de cada pessoa. Ou seja, se ela é do Santo ou não... Além dos Odus, essa energia específica pode ser observada na Cabala ou, ainda, ser traçada no Mapa Astrológico pessoal.

Portanto, seja no Mapa Astral, na Cabala ou no Odu, cada ser humano possui uma proteção e uma missão... Por isso, "quem é do Santo, não tem pra onde correr"! Não importa em qual Filosofia ou Ideologia ele cumprirá a sua missão... O importante é de fato cumpri-la!

"Todo médium é uma fonte constante de energia..."

Todo mediador nasce com uma missão incrível: a de propagar a luz que vem do Alto! Essa Luz manifesta-se em forma de energia... Porque em nosso Universo tudo é energia!

O médium é um manipulador de energias; por isso mesmo, ele é chamado de "mediador". Porque faz a mediação entre o receptor daquela energia e o doador. Infelizmente, são pouquíssimos médiuns que conseguem concluir devidamente sua missão de vida. Como as tentações do mundo são inúmeras, muitos se desviam do caminho e se perdem de seu propósito primordial... 

De 100 médiuns que assumem missão antes de encarnar, apenas 2 conseguem cumprir corretamente a missão que receberam... Os outros 98 médiuns, dividem-se entre aqueles que se corromperam, aqueles que negaram e aqueles que esqueceram! Isso quer dizer que, apenas 2% daqueles que nascem com mediunidade, se dedicarão à missão...

Segundo a Ciência, toda energia flui através de diferentes regiões entre o espaço e o tempo. Então, o médium consciente, cumpridor de sua missão, pode ser amparado por qualquer fonte externa de nossa órbita terrestre.

Ou seja, um médium extremamente evoluído pode ser amparado pelo próprio Criador, pelos Anjos, pelos Orixás, pelos Santos, pelos Elementais e pelos Mestres Ascensos. Já um médium corrompido, pode ser "usado" por seres trevosos, por Magos Negros, por espíritos perdidos ou por toda uma gama de seres raivosos e decaídos...

Por isso, é tão importante "vigiar e orar". Orar significa conversar... Rezar significa recitar uma Oração. Seja recitando ou conversando com o Criador ou com seus comandados, é importante que o médium esteja em contato direto com a Luz.

Na Umbanda Sagrada existem os pontos cantados que atuam como uma oração. Também existem os boris e os amacis que ajudam na limpeza mediúnica. Temos, ainda, a defumação, os pontos riscados e as guias (colares dos mensageiros), entre outras práticas propícias ao amparo mediúnico.

Todos esses fundamentos funcionam como um catalisador energético, pois auxiliam o médium a se purificar e a se manter vigilante. No entanto, nada disso fará diferença se o próprio médium não vigiar a si mesmo, em sua palavras, em suas ações, em seus propósitos.

Precisamos entender, mais do que nunca, que a energia "flui" inexoravelmente... Dessa forma, é inevitável que o médium sinta essa energia fluir através de si mesmo. Como toda energia emite luz, em menor ou maior grau; quando o médium canaliza a energia e a transfere, ele funciona como um fio condutor...

Por essa razão, a mediunidade é um bem tão raro e tão precioso! O problema é que, muitas vezes, aquele que a possui não a deseja... E muitos a querem, sem o privilégio de a possuir!

É importante que o médium entenda seu verdadeiro propósito nesta Terra e não desperdice essa oportunidade única de conduzir energia... Afinal, como uma lâmpada poderá iluminar sem emitir luz?

Os Odus no Jogo de Búzios.

O Jogo de Búzios chamado de Merindilogun no Brasil e Ẹ̀rìndínlógún na África significa, simplesmente, "dezesseis"... Porque no Jogo de Búzios utilizam-se, normalmente, 16 búzios. A quantidade de búzios pode variar de acordo com a Nação; mas, o mais comum é composto de 16 ou 17 búzios. Entretanto, existe o Jogo com 21 búzios.

O Búzio é uma concha de praia de vários tamanhos. Pode ser utilizado como objeto de adorno, em colares chamados de fio-de-contas (Brajá) ou como objeto de comunicação com os Orixás nas consultas ao Jogo de Búzios. Na África, os búzios (cawris) eram usados como dinheiro ou como moeda corrente.

Nas consultas de Jogo de Búzios, eles são usados pelos Babalorixás e/ou Iyalorixás para comunicação com os Orixás... Cada "caída" do búzio pode definir o caminho que o consulente precisa seguir para acertar sua vida e cumprir sua missão corretamente.

O búzio tem uma abertura natural e uma parte ovalada. A maioria dos adornos e Jogos de Búzios são feitos com os búzios cortados, onde é retirada a parte abaulada. Existe muita discussão sobre qual seria o aberto e o fechado.

Alguns consideram que a abertura natural do búzio seja o aberto e a outra que é quebrada e ralada seja o fechado. Entretanto, como o búzio era um ser vivo, semelhante ao caramujo, entende-se que a posição correta seja aquela em o que o animal naturalmente se locomove...

A grande verdade é que ao consagrar um formato para o búzio, onde seja considerado aberto ou fechado, o Sacerdote de Ifá jamais o inverterá e ele passará aos seus filhos o conhecimento desta forma. Assim, torna-se muito particular de cada Casa o cenário de leitura do Oráculo de Ifá.

Em alguns métodos, o Sacerdote de Ifá senta-se no chão e joga na própria terra, sem toalhas ou enfeites; assim como era feito no passado. Esse é considerado um jogo mais simples e rústico.

Os búzios também podem ser jogados apenas em uma toalha branca, numa mesa ou num círculo formado por fio-de-contas (colares), juntamente com vários objetos representativos dos Orixás. Existem mesas de jogo simples ou sofisticadas, dependendo das posses de cada um...

Alguns Sacerdotes de Ifá preferem jogar sobre o tabuleiro de Ifá (Opon-Ifá) e outros preferem jogar numa peneira, também enfeitada com fio-de-contas e outros objetos.

No Jogo de Búzios, existe o método em que é dado um significado para cada búzio, onde um deles, que normalmente é o maior, é atribuído a qualidade de representante de Olodumare e recebe o nome de Oxalá. E assim sucessivamente, até o búzio menorzinho, todo são nomeados... Nesse caso, a posição de caída de cada búzio deve ser observada, comparando-se ao maior.

Um exemplo: em algumas Casas, depois de lançar as conchas do jogo, o "bico" do búzio maior (Oxalá) determina a direção do jogo. Então, são analisados aqueles que caíram na linha desse búzio. Os que caíram "atrás" do búzio, falam pelo passado. E aqueles que caíram à frente, revelam o futuro.

Dessa forma, de acordo com a escrita em Yorubá, temos as seguintes caídas:

1 - Òkàràn Méjì – 1 aberto e 15 fechados (Odu principal de Exu, mas pode aparecer Egun e Oyá.)

2 - Éjì Oko Méjì – 2 abertos e 14 fechados (Neste caminho responde Oxalufon, Ibeji, Irokô e Ajêxelugá.)

3 - Ògúndá Méjì – 3 abertos e 13 fechados (Odu principal de Ogun, mas pode aparecer Omolú, Yemanjá e Oyá.)

4 - Ìròsún Méjì – 4 abertos e 12 fechados (Neste caminho falam Oyá, Egun, Yemanjá e Oxóssi.)

5 - Òsé Méjì – 5 abertos e 11 fechados (Neste Odu falam Omolu, Oxum, Yami, mas podem aparecer Oyá, Xangô e Exu.)

6 - Òbàrà Méjì – 6 abertos e 10 fechados (Neste caminho falam Airá, Oxóssi, Logun, Ori, Odé e Oxun pode aparecer...)

7 - Òdí Méjì – 7 abertos e 9 fechados (Neste Odu falam Oxum, Omolu, Exu, podem aparecer Odé, Ogun, Obá e Ajêxelugá.)

8 - Èjì Onílè Méjì – 8 abertos e 8 fechados (Este é o Odu principal de Oxaguian. E ainda, podem aparecer Irokô, Ogunjá, Iyagunté...)

9 - Òsá Méjì – 9 abertos e 7 fechados (Neste Odu falam Yemanjá, Oyá, Ori e também podem aparecer Babá Ajalá e Babá Egun.)

10 - Òfún Méjì – 10 abertos e 6 fechados (Principal Odu de Oxalufan; mas podem aparecer Orixalá, Orunmilá e Oduduwa, ou seja, os Funfun em geral.)

11 - Òwónrín Méjì – 11 abertos e 5 fechados (Neste caminho falam Oyá, Exu e Ogun.)

12 - Èjìlá Sebòra Méjì – 12 abertos e 4 fechados (Odu principal de Xangô, mas podem aparecer Obá, Axabó, Yamassê e Irokô.)

13 - Èjì Ológbon Méjì – 13 abertos e 3 fechados (Neste caminho falam Nanã, Ikú, Omolú e Egun.)

14 - Ìká Méjì – 14 abertos e 2 fechados (Neste Odu falam Oxumarê, Osanyin, Ewá e podem aparecer, Omolu e Logun Edé.)

15 - Méjì – 15 abertos e 1 fechado (Neste caminho fala Obá e pode aparecer Ewá e Ogun.).

16 - Àláàfiá Méjì – 16 abertos (Neste Odu quem responde é Orunmilá; mas todos os Orixás podem aparecer.)

Òpìrá – 16 fechados (Não é considerado um Odu... Pois significa que o jogo está fechado. Tem que parar...)

Esse é um dos Jogos mais conhecidos. No entanto, existem outros, de acordo com cada Nação... Lembrando que cada Jogo de Búzio deve obedecer aos preceitos ditados pelo Orixá Pessoal ou da Casa. E também, recordando que o Jogo de Búzios é diferente do Opelê-Ifá ou do Jogo de Ikin.

Nos tempos antigos, o Búzio era usado inteiro. Não tiravam a barriga (o útero) como fazem agora em muitos lugares. Quando se usava o Cawri cheio (sem abrir a "barriga"), a leitura do Oráculo era outra coisa, se a Casca do Cawri caísse com a barriga pra cima, isso significava que ele não falava. Se caísse com a boca para cima ou para o lado, olhando para si mesmo, isso representava que a concha estava falando ou cantado.

Os Cawris eram pegos com uma só mão e só você podia agarrar com aquela mão. Com "Mão do Búzio" você agarrava o máximo que pudesse, sem usar a outra mão... E então, quando você pegava aqueles Cawris que ficavam no tapete sobrando, lançava novamente e observava. Então, as Conchas com as bocas para cima ou para os lados eram contadas... Esse tipo de Jogo ainda é preservado em algumas Nações mais antigas.