sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

Os trabalhos desenvolvidos na Umbanda.

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Quando Zélio de Morais* iniciou seu trabalho espiritual e definiu as Tendas para o atendimento, ele também consagrou essas Casas para um determinado Santo e escolheu uma Linha de atuação.
Muitos Umbandistas desconhecem o verdadeiro significado das "Sete Linhas da Umbanda". A escolha de cada Linha se baseou nos Dons do Espírito Santo. Cada Tenda (Casa) foi consagrado a um determinado dom, com sua cor característica (manifestação) e um Santo Católico para representar essa expressão.

INCORPORAÇÃO NA UMBANDA

A Umbanda trabalha com sessões públicas abertas, onde os Espíritos Guias incorporam em Médiuns preparados para atender aqueles que os procuram... Através de aconselhamentos e direcionamentos, as Entidades promovem a cura e o bem estar físico e espiritual dos atendidos.
A Umbanda desenvolve seus Médiuns para trabalhar com Espíritos Guias, também chamados de Falangeiros. Os Falangeiros são as Entidades que trabalham para os Orixás nas Giras de Umbanda. É conhecida por "Gira" porque o desenvolvimento mediúnico ocorre dentro de uma Roda de Santo.
As Falanges são agrupamentos de espíritos afins que possuem a mesma vibração. São elas: Pretos-velhos, Caboclos e Crianças - que são os Três Pilares Principais da Umbanda, na visão de Zélio de Moraes. Mas, também temos: Boiadeiros, Ciganos, Orientais, Mestres, Exus e Pombagiras. Todos esses Guias trabalham na cura, na proteção e no amparo do atendimentos realizado.

SOBRE OS CABOCLOS

São Entidades Espirituais que já habitaram as Américas, a África, a Austrália ou outros lugares com População Indígena. Eles atuam na caridade, como verdadeiros conselheiros, ensinando o Amor ao Próximo e à Natureza. São Espíritos que tem como missão principal o fortalecimento da espiritualidade e o encorajamento da fé. Eles utilizam em seus trabalhos ervas, que são passadas para banhos de limpeza ou chás de infusão. Ajudam na vida material com trabalhos de magia positiva, limpando a aura e proporcionando uma força energética que poderá auxiliar na conquista dos objetivos.
Os Caboclos, assim como os Pretos-velhos, possuem grande elevação espiritual e trabalham incorporados a seus médiuns, dando passes e consultas. São subordinados aos Orixás, que lhes concede a energia necessária para a realização do trabalho. Quando nos referimos à personalidade de um Caboclo ou de qualquer outro Guia, estamos falando de sua forma de trabalho. Eles costumam usar durante as Giras os penachos ou outros símbolos indígenas, que relembram as suas origens. Eles mostram através de suas danças a energia da Natureza. Falam de maneira rústica, como forma de expressar a origem primitiva do ser... Seus brados fazem parte de uma linguagem comum de comunicação entre as Tribos e muitos gestos representam uma espécie de "senha" entre eles.
São, geralmente, espíritos de Civilizações Primitivas, tais como: Incas, Maias, Astecas e afins. Foram espíritos de terras recém-formadas ou descobertas. Eles formaram Sociedades com perfeita organização estrutural (tribos e aldeias). Tudo era preparado por eles, desde os seus utensílios, até o cultivo da lavoura, até a moradia, ou a caça e a pesca. Como foram "primitivos", conhecem bem a terra e tudo o que está relacionado à Natureza. Assim, os Caboclos são os melhores Guias para ensinar a importância das ervas e dos alimentos.
Os Caboclos de Umbanda são Entidades, que através da sua simplicidade passam credibilidade e confiança a todos. Seus pontos riscados representam a Grafia Sagrada dos Orixás e expressam a grandiosidade dos símbolos da Natureza. Nos seus trabalhos de Magia Branca costumam usar pembas, velas, essências, flores, ervas, frutas, charutos, incensos e bebidas naturais... Todo esse material é disposto sobre a mandala ou ponto riscado, que representa sua Linha ou Falange. O propósito dessa função é direcionar e dar energia ao trabalho realizado.
Quando fazemos um trabalho para uma Entidade e colocamos algum prato de comida, como por exemplo: espigas de milho cozidas regadas com mel; essa comida não é para o Caboclo... Espíritos não precisam de comida. O alimento, nesse caso, serve como alimento espiritual, isto é, a energia que emana daquela comida será transmutada e utilizada no trabalho de magia a favor do consulente. Da mesma forma, o charuto que a Entidade fuma em alguma ocasião, é usado para a limpeza do consulente através da fumaça e da emanação dos cantos e pontos.
Os chamados "passes de Umbanda" se utilizam de todos esses rituais para limpar a aura dos participantes e purificar o ambiente de trabalho. Por conta disso, muitas vezes, a Umbanda é criticada e chamada de "baixo" Espiritismo, porque os Guias fumam ou bebem em alguma ocasião. Quando uma Entidade usa o fumo ou a bebida no atendimento, não é para ela que está usando, mas para o próprio consulente, que precisa se purificar de alguma energia mais densa e terrena.
De acordo com a sua apresentação podemos ter a "origem" do Caboclo:
Caboclos da Mata - viveram em contato com a Mata e a Civilização; ou seja, viveram de forma rústica, mas, conheceram o homem branco. Podemos citar aqui os índios que tiveram contato com os Jesuítas ou aqueles que trabalharam para os Bandeirantes.
Caboclos da Mata Virgem - esses viveram totalmente interiorizados na Mata, sem contato com o homem branco ou com qualquer outro aspecto da Civilização.
Torna-se de grande importância conhecermos esses detalhes, para sabermos porque alguns falam mais explicados que outros. Mas, temos ainda, as particularidades de cada um, que nos permitem diferenciar as Linhas e as Falanges. A primeira, é a "especialidade" que cada um trouxe de sua última existência. São elas: curandeiros, rezadeiros, guerreiros, agricultores, coletores, caçadores, pescadores, artesões, etc. A segunda, é a diferença criada pela "força da Natureza" que os rege e representa a energia do Orixá regente.

SOBRE OS PRETOS-VELHOS

Quando se fala em "Preto-velho", estamos falando de uma grande Linha, que representa uma grande faixa vibratória de espíritos afins que se uniram para cumprir sua missão pós-vida. Eles representam a fé e a humildade de um Povo. Em seus trabalhos, procuram ajudar aqueles que estão em dificuldade material ou espiritual. Devido a tudo o que passaram durante a escravidão, possuem muita paciência para escutar e tratar aqueles que os procuram... Eles funcionam como verdadeiros psicólogos dos aflitos, pois atuam de forma simples e eficaz.
Essa simplicidade se expande, tanto na sua maneira de ser e de falar, quanto nos atendimentos. Usam vocabulário simples, sem palavras rebuscadas. Sua maneira carregada de falar é apara dar a ideia de "antiguidade". Além disso, os Pretos-velhos, nos ajudam a enxergar que a prática da Caridade é vital para nossa evolução espiritual.
São espíritos africanos trazidos para o Brasil e comercializados como escravos. Eles vieram em diferentes épocas de nossa Colonização. Foram retirados de diferentes locais da África e chegaram com idades diversas. São de ambos os sexos. Possuíam família, faziam parte de uma tribo ou de uma sociedade. Alguns eram líderes ou chefes em sua localidade. Quando chegaram foram submetidos a diversas torturas e humilhações.
São chamados de "pretos" e "velhos", porque representam a cultura de um povo perseguido por sua raça até a velhice. Ou seja, recém-nascidos, crianças ou idosos, jamais foram poupados da tirania do Feudalismo. E quanto mais idoso, maior a humilhação que sofriam... Por isso, ao se apresentarem pela primeira vez, mesmo com a aparência mais jovem, a titulação estabelecida foi "preto" "velho". O termo "Vovô" e "Vovó" sinaliza experiência e sabedoria.
Suas vestimentas e apetrechos são bem simples, porque necessitam de poucos artifícios para trabalhar... Eles precisam, simplesmente, da atenção e da concentração do médium durante a consulta. Sua forma de incorporar é compacta, sem dançar ou pular muito. A vibração começa como um "peso" nas costas e uma inclinação do tronco para a frente. Os pés ficam fixos ao chão. Se locomovem, apenas, para as saudações necessárias e depois sentam para realizar o atendimento. É raro, mas, podemos encontrar alguns Pretos-velhos que se mantém em pé. É possível ver alguns Pretos-velhos dançando uma dança sutil, como movimentos dos ombros ou dos pés.
Todas as Entidades dessa Linha seguem um ritual próprio muito singular e similar entre si. Em seus trabalhos de purificação e limpeza, costumam utilizar o cachimbo, o terço, a oração, a vela, o café, o benzimento com ervas, entre outros simbolismos... Dessa forma, costumam "benzer" a pessoa, usando uma espécie de magia para retirar o mal.
A Linha é um todo, com suas características gerais (citadas acima), mas como cada médium possui uma "coroa" diferente, isso determina as diferenças entre os Pretos-velhos. Essas diferenças ocorrem porque os Pretos-velhos são trabalhadores dos Orixás e trazem para sua forma de trabalho a essência da força da natureza de quem eles representam ou para quem eles trabalham.
Essas diferenças são, primeiramente, evidenciadas na maneira como incorporação ocorre. Por isso, não é só na forma física que devemos observar essas diferenças mas, também, na maneira de conduzir o trabalho e na "especialidade" de cada um.

SOBRE AS CRIANÇAS

São espíritos que já estiveram encarnados na Terra por diversas vezes, onde adquiriram a experiência necessária. Eles optaram por continuar sua evolução espiritual através da prática da caridade, incorporando em médiuns nos Terreiros de Umbanda. Em sua maioria, representam os espíritos que desencarnaram com pouca idade. Por isso, trazem características de sua última encarnação, com trejeitos infantis, comunicando-se como crianças, apreciando os doces e os brinquedos de sua época.
Essas Entidades são a verdadeira expressão da alegria e da honestidade. E, apesar, das brincadeiras atendem com muita dedicação cada pedido. Normalmente, os Ibejis são mais procurados para resolver problemas familiares, gravidez ou traumas infantis... Mas, também, podem ser solicitados para resolver diversos problemas pessoais.
Assim como as demais Entidades, elas também possuem funções bem específicas. A principal delas é que eles são mensageiros dos Orixás. Quando incorporam em um médium, fazem estrepolias, brincam e realizam diversas ações próprias de toda criança. Portanto, é necessário muita concentração do médium, principalmente, do médium consciente, para evitar que as brincadeiras atrapalhem a mensagem transmitida.
É comum em Gira de criança, ver um médium "cambaleando" antes de incorporar inteiramente. Isso se deve devido a disputa que esses Espíritos travam para ver quem incorpora primeiro - algo bem típico dessa Linha. É como se Eles fizessem uma aposta: "Vamos ver quem chega primeiro?" Os meninos são, em sua maioria, mais bagunceiros, enquanto, algumas meninas são mais manhosas.
Alguns Ibejis incorporam pulando e gritando, outros choram, alguns estão sempre com fome e tem aqueles que chegam reclamando... Essas características, que nos passam despercebidas, representam a maneira que eles possuem de expressar sua função específica, sua linhagem ou sua qualidade. Também é uma maneira de descarregar e descontrair o ambiente.
Os pedidos feitos ao espírito de uma criança (Ibeji) costumam ser atendidos de forma imediata. Entretanto, a cobrança que elas fazem dos presentes e agrados que lhe são prometidos é bastante persistente. Por isso, jamais prometa algo a uma criança se não puder cumprir depois, porque ela fará você lembrar de sua promessa.


* É possível ler sobre a origem das Tendas de Umbanda em:
-> https://umbandaead.blog.br/2016/11/15/15-de-novembro-anuncio/

segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

O trabalho das Sete Linhas na Umbanda.


LINHA OU VIBRAÇÃO DE OXALÁ - Nesta Linha as Entidades usam roupagem fluídica de Caboclos. São perfeitos em suas manifestações. Não fumam, mesmo no grau de Protetores. Não gostam de ser solicitadas além das 21 horas sem um motivo imperioso. Suas vibrações fluídicas começam se fixando por cima da cabeça, na altura da glândula pineal, chegando até os ombros, com uma sensação de friagem pelo rosto e pelo tórax. A respiração é, normalmente, entrecortada por suspiros longos, atingindo o Plexo Solar. O movimento que indica o controle da matéria, ocorre após um sacolejo do corpo. Sua fala é calma, compassada e firme.
Seus pontos cantados são verdadeiras invocações de grande misticismo, dificilmente escutados hoje em dia... Pois, só cantam em grande necessidade. Seus sinais riscados são quase sempre curvos e formam desenhos de rara beleza, com grande simbolismo de épocas primordiais. Se precisarem riscar um ponto para firmar o Terreiro em questão, usarão sinais das estrelas, como: o sol, a lua e a própria estrela (de 5 pontas).
Nesta Linha podemos citar o Caboclo Urubatão da Guia, que jamais aceita incorporar em quem bebe, fuma ou pratica atos ilícitos. Ele é muito exigente em suas obrigações e, por isso, é tão raro vê-lo hoje em dia... E também temos os Caboclos Ubiratan e Ubirajara.

LINHA OU VIBRAÇÃO DE IEMANJÁ - Nesta Linha trabalham Entidades associadas às Águas, sejam elas: Caboclas, Marinheiros ou outras manifestações. O aparelho (médium) costuma sentir um frescor que sobe pelos pés até os joelhos. As mãos costumam vibrar, enquanto a cabeça parece pesar, pois sentem-se envolvidos pelos fluidos da incorporação. Quando incorporam, sentem o corpo balançar suavemente, como se estivessem na água. A fala é branda e compassada, como na respiração.
Os pontos cantados podem representar desde a suavidade das ondas marulhando na praia até invocações profundas de cura. Os pontos riscados podem apresentar os símbolos das águas, como: ondas, âncoras, conchas, caracóis, etc.
Nesta Linha podemos citar as Caboclas Jandira, Janaína e Jacyara.

LINHA OU VIBRAÇÃO DE YORI - Essas Entidades, altamente evoluídas, externam pela máquina física, maneiras e vozes infantis. Quando incorporam, gostam de sentar no chão, de comer guloseimas diversas e de beber algo doce. Conversam como uma criança inocente, que entende os motivos alheios. Trabalham apenas em horas diurnas e dias especiais.
Em seus pontos cantados contam historinhas divertidas ou fazem orações infantis, enquanto limpam a aura dos atendidos. Nos pontos riscados desenham símbolos com representações de brinquedos diversos.
Nesta Linha podemos citar Doum, Cosme e Damião. Eles podem parecer travessos em suas manifestações, mas são enérgicos em suas cobranças.

LINHA OU VIBRAÇÃO DE XANGÔ - Essas Entidades usam a forma de Caboclos e refletem no Plano Físico uma maneira aparentemente brusca. Suas vibrações atingem o aparelho (médium) em cheio, refletindo-se em solavancos físicos, forçando o tórax e a cabeça. A energia envolve o médium numa compostura ereta, que o faz parecer mais alto.
Normalmente, emitem um brado forte e acentuado de saudação, como um trovejar... Evitam cantar e falam somente o necessário. Mas, se decidem cantar, seus cantos possuem um sentido ancestral que relembram seus antepassados. Dispensam conversas inúteis e consultas sem sentido. Seus conselhos costumam ser objetivos e sem rodeios. Em seus pontos riscados podemos visualizar símbolos como: machado, chave, pedra ou montanha.
Nesta Linha podemos citar Xangô Kaô, Agodô e Aganju.

LINHA OU VIBRAÇÃO DE OGUN - Nesta Linha, as Entidades também assumem a forma de Caboclos em sua incorporação. Durante a aproximação dos médiuns costumam causar sensações na região do abdômen, tremores na face e pressão em torno da crânio (como se tivesse um capacete). A respiração é vigorosa e a fala é agitada. Quando incorporados gostam de andar de um lado a outro, como se estivessem em estado constante de alerta.
Seus pontos cantados ou suas preces soam como brados fortes de guerra, invocando para a luta e demonstrando um sentido forte de fé na batalha espiritual. Em seus pontos riscados trazem os símbolos dos campos de batalhas, com representações de espadas, lanças, escudos e bandeiras.
Nesta Linha temos Ogun Guerreiro, Ogun Megê e Ogun Dilê.

LINHA OU VIBRAÇÃO DE OXÓSSI - Nesta Linha, as Entidades também assumem a forma de Caboclos. Durante o processo de incorporação, os médiuns sentem os fluídos, principalmente, nas pernas. Ocorrem estremecimentos e ligeiras flexões dos membros inferiores. A energia percorre todo o corpo, causando tremores e espasmos. A vibração atinge o aparelho totalmente e o médium sente-se envolvido por completo.
Durante o passe costumam agir com cautela... Falam de maneira serena e aconselham com brandura. Seus trabalhos envolvem elementos naturais. Os pontos cantados incluem os sons da floresta. Nos pontos riscados podemos visualizar os símbolos da natureza: flechas, arcos, folhas, árvores, pássaros, etc.
Nesta Linha podemos citar o Caboclo Pena Verde, Caboclo Arruda e o Caboclo Pena Branca.

LINHA OU VIBRAÇÃO DE YORIMÁ - Essas Entidades parecem verdadeiros Magos, senhores da experiência e do conhecimento humano. São os Espíritos Velhos da Lei da Umbanda e donos dos mistérios da "pemba" nos sinais riscados. Conhecem profundamente a alma humana e sabem extrair da natureza todo o recurso necessário para a cura. Eles assumem a forma de Pretos-velhos e se apresentam humildemente para o trabalho de Gira.
A energia envolve o médium completamente e o corpo "sente" o peso da idade encurvando-se. Normalmente, necessitam de algum tipo de apoio para se locomover e, por isso, costumam atender sentados. Em seus atendimentos usam velas, orações, benzimentos, defumações e demais recursos que se fizerem necessários.
Após a incorporação se expressam de maneira embrulhada, usando uma linguagem simples. Por isso, falam compassadamente e com cautela. Os pontos cantados são tristes e cadenciados, lembrando o tempo de escravidão. Nos pontos riscados usam os símbolos da fé: a cruz, o cruzeiro, os degraus, o terço, entre outros...
Nesta Linha podemos citar Rei Congo, Pai Joaquim e Pai Benedito.

As sete linhas da Umbanda

quarta-feira, 21 de novembro de 2018

As Sete Linhas na Umbanda Sagrada.


Depois que Zélio Fernandino de Morais partiu, a estruturação inicial das Sete Linhas da Umbanda Sagrada sofreu algumas modificações. Antigamente, eles eram distribuídas da seguinte maneira: YANSÃ; IBEJI; IEMANJÁ; OXÓSSI; OGUN; XANGÔ; NANÃ. No entanto, essa distribuição foi reformulada e atualmente ela segue outra ordem...

Linha de Oxalá: Esta Linha é regida por Jesus Cristo e representa o Princípio da Criação, a Luz Divina que coordena todas as outras. Os Guias principais desta Linha são: Caboclo Urubatão da Guia, Caboclo Tupã, Caboclo Ubiratã, Caboclo Tupy, Caboclo Ubirajara, Caboclo Guaracy, Caboclo Guarani, etc. Estes Guias são os Chefes de Falanges mas, existem os demais Guias que pertencem a esta Linha e trabalham na caridade. São eles: Caboclo Sete Estrelas, Caboclo Pena Branca, Caboclo Águia Branca, Caboclo Tupinambá, Caboclo Aimoré, Caboclo Rompe Nuvem, Caboclo Tamoio, Caboclo do Sol, Caboclo Estrela Guia e outros. O Astro que rege esta Linha é o Sol e tem como Guardião o Anjo Gabriel.
Linha das Águas (Linha das Mães): Esta Linha é regida por Nossa Senhora da Glória, como principal, sincretizada com Iemanjá (Yemanjá). Mas, tem também Nossa Senhora da Conceição, que é sincretizada com Oxum. Esta Linha representa a Divina Mãe, a energia feminina e da Natureza da Água, a gestação e a fecundação. Os Guias principais desta Linha são: Cabocla Jandira, Cabocla Jurema, Cabocla Jupira, Cabocla Jupiara, Cabocla Janaína e outras. Demais Entidades que trabalham nesta Linha são: Cabocla Yara (Iara), Cabocla Indayá, Cabocla Onira, Cabocla Estrela do Mar, Cabocla Iracema, Cabocla Jacira, Cabocla da Praia, Cabocla Sete Ondas, Cabocla Sereia e outras. O Astro que rege esta Linha é a Lua e tem como Guardião o Anjo Yahel. (Iansã está presente nesta Linha, sincretizada com Santa Bárbara.)
Linha de Xangô: Esta Linha é regida por São Jerônimo como principal mas, São João Batista, São Pedro e São Paulo também regem esta Linha como sincretismo de Xangô. Representa a Justiça Divina e a Lei Khármica. Xangô é o Senhor da Balança Universal. Os Guias principais desta Linha são: Xangô Kaô, Xangô Agodô, Caboclo Sete Montanhas, Caboclo Sete Pedreiras, Caboclo Sete Cachoeiras. Outros Guias que trabalham nesta Linha são: Caboclo Pedra Preta, Caboclo Pedra Branca, Caboclo Cachoeira, Caboclo Gira Mundo, Caboclo Rompe Montanha, Caboclo Ventania, Caboclo Rompe Serra e outros. O Astro que rege esta Linha é Júpiter e tem como Guardião o Anjo Rafael.
Linha de Ogun (Ogum): Esta Linha é regida por São Jorge e representa o fogo da Salvação, a Linha das Demandas da Fé, das aflições, das lutas e das batalhas. Os Guias principais desta Linha são: Ogum de Lei, Ogum Yara (Iara), Ogum Megê, Ogum Rompe Mato, Ogum de Malê, Ogum Beira Mar, Ogum Matinata, entre outros. Outras Entidades conhecidas que trabalham nesta Linha são: Ogum Sete Espadas, Ogum Sete Lanças, Ogum Sete Escudos, Caboclo Boiadadeiro, Caboclo Capangueiro, Caboclo Tira Teima, Ogum Rompe Trilhas, Ogum Rompe Mato e outros. O Astro que rege esta Linha é Marte e tem como Guardião o Anjo Miguel.
Linha de Oxóssi: Esta Linha é regida por São Sebastião, que representa o "Caçador das Almas", o Mestre que ensina e doutrina os filhos que o procuram. Os Guias principais desta Linha são: Caboclo Arranca Toco, Caboclo Arariboia, Caboclo Guiné, Caboclo Arruda e Caboclo Cobra Coral. Outras Entidades que trabalham nesta Linha são: Caboclo Pena Azul, Caboclo Pena Verde, Caboclo Pena Dourada, Caboclo Tabajara, Caboclo Sete Flechas, Caboclo Tupiyara, Caboclo Tupiaçu, Caboclo Mata Virgem, Caboclo Rei da Mata, Caboclo Pery, Caboclo Junco Verde, Caboclo Rompe Folha, Caboclo Paraguaçu, Caboclo Arerê, Caboclo Coqueiro, Caboclo Sete Palmeiras, Caboclo Juremeiro, Caboclo Humaitá, Caboclo Folha Verde e outros. O Astro que corresponde a esta Linha é Vênus e o Guardião é o Anjo Ismael.
Linha de Yori (Ibejis): Esta Linha é regida por São Cosme e São Damião, é a Linha da Ibejada, que são as crianças. Representa a alegria, a luz da Espiritualidade, a ingenuidade e a lealdade infantil. Os Guias principais desta Linha são: Tupãzinho, Ori, Yariri, Doum, Yari, Damião e Cosme. Outros Guias que trabalham nesta Linha são: Crispim, Crispiniano, Mariazinha, Zequinha, Chiquinho, Luizinho, Joãozinho, Paulinho, Luizinha, Ana Maria, Joaninha e outros. O Astro que corresponde a esta Linha é Mercúrio e o Guardião é o Anjo Samuel.
Linha de Yorimá (Pretos-velhos): Esta Linha é regida por São Lázaro e por São Roque, respectivamente, sincretizados com Obaluaiê e Omolu. É a Linha das Almas, representa o Dom da Palavra e da Magia. É composta pelos espíritos que tem a missão de combater o mal e todas as suas manifestações. Os Guias principais desta Linha são: Pai José, Pai Guiné, Pai Tomé, Pai Arruda, Rei Congo, Vovó Maria Conga, Pai Benedito e Pai Joaquim. Outras Entidades que trabalham nesta Linha são: Pai João, Pai Jacó, Vovó Ana, Vovó Cambinda, Pai Cipriano, Pai Simplício, Tia Chica, Nhá Benedita, Pai Chico, Pai Miguel, Vovó Catarina, Pai Mané, Pai Antônio, Pai Tomás, Vovó Luíza e outros. O Astro que corresponde a esta Linha é Saturno e o Guardião é o Anjo Uriel. (Nanã, sincretizada com Santa Ana, participa desta Linha.)

Estas são as Sete Linhas de Umbanda e seus Guias principais. Existem outros Guias que não foram citados, mas é difícil citar todos os nomes das Entidades que trabalham nas Giras da nossa querida Umbanda.

quinta-feira, 4 de outubro de 2018

"Sultão das Matas"

Aquele que comanda todos os animais.

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"Eu nasci entre o Povo Maia, há mais de três mil anos... Dominamos as Américas. Éramos extremamente evoluídos. Mas, vocês já sabem disso. Nosso Reino era imensamente vasto, tão vasto, que seria impossível descrever seu tamanho e sua grandiosidade.
Desde cedo eu fui criado para ser um líder em nossa região. Por isso, tive o privilégio de conhecer todo o Reino. Meu pai era um Conselheiro do Chefe Supremo e eu o acompanhava sempre... Com o tempo, pude me locomover sozinho por onde quisesse.
Para ser definido o líder de uma Casta, todos os meninos passavam por testes para verificar seus dons. Como o nosso Povo era muito numeroso, éramos divididos em Castas - vocês poderiam chamar de 'Tribos'. Em cada Casta, pelo menos um ou dois meninos eram escolhidos.
Quando tornei-me adulto, tive a liberdade de viajar para outras terras, então, pedi permissão e parti... Naquela época, os pais jamais interferiam na decisão de um filho com predestinação de liderança. Eles sabiam que os deuses comandavam tudo.
Nosso povo sempre acreditou em divindades superiores e em forças maiores. Também sempre cultuamos as energias da Natureza e do Universo. Para nós, o perfeito equilíbrio entre o bem e o mal estava em honrar o que foi estabelecido.
Quando deixei minha Nação, olhei uma última vez para trás... Todos vocês já fizeram isso, tenho certeza. Então, segui em direção do Rio que divide as Nações. Ao atravessar o Grande Rio eu entraria em território desconhecido.
Cheguei a uma planície onde haviam muitos animais de muitas espécies que vocês desconhecem, porque já estão extintos. Aproveitei para descansar, caçar, me alimentar e conhecer a região... Algumas onças da espécie jaguar aproximaram-se e eu emiti um sinal. A líder do bando veio até mim.
A partir de agora vocês conhecerão o meu dom e porquê fui escolhido líder...
Com a mão espalmada em sua direção e os olhos para o chão chamei-a. Ela respondeu... Ela agora me entendia. Eu podia fazer isso com todos os animais da floresta: répteis, anfíbios, aves, mamíferos ou insetos...
Eu podia manipular as abelhas sem ser ferroado por elas; podia extrair o veneno das cobras sem ser picado; podia montar um cavalo selvagem, que ele me levaria onde eu quisesse; enfim, eu podia morar na selva e viver como quisesse... Mas, eu tinha um compromisso com meu povo e apenas um determinado tempo para ficar longe.
Prossegui minha jornada por mais três sóis e iniciei meu retorno. Vi coisas diferentes pelo caminho e teria muitas histórias para contar ao meu povo. No fim do primeiro sol, estava descansando em uma superfície acidentada de um planalto, quando fui surpreendido pela agitação dos animais, que queriam me avisar de alguma coisa...
De repente fui arrastado, estava capturado no meio de uma espécie de rede. Tentei lutar e me soltar, mas não consegui... Fui sendo arrastado pelo caminho. Em um solavanco me ergueram e me colocaram em uma espécie de barco e partiram... Quando retiram a rede e me jogaram ao chão eu estava em uma terra diferente.
Eles não falavam minha língua e eu não falava a língua deles. Vestiam-se com peles. Usavam chifres na cabeça e armas que pareciam machados. Mais tarde eu descobri que eram Vikings... Com o tempo percebi que eles queriam aprender meus costumes para conquistar nossas terras.
O mesmo dom que me manteve vivo durante minha jornada ainda fazia parte de mim. Então, pensei em como poderia usá-lo para escapar dessa terra distante...
Já haviam se passado quatro sóis completos de minha permanência no meio dessa gente. Eu os considerava como bárbaros capazes de qualquer coisa. Imaginei que se chegassem até nossa terra seriam capazes de qualquer coisa.
Quando finalizou o quarto sol, eu coloquei meu plano em prática e iniciei minha fuga. Consegui que roedores roessem minhas cordas. Um cavalo veio até mim... Outro cavalo me trouxe água e comida. E os demais animais criaram uma bagunça na Vila dos Bárbaros Vikings.
O cavalo que me serviu de montaria me levou até o mar... Agradeci a ele e entrei no mar. Nesse momento, os Vikings já deviam ter sentido minha falta e percebido a minha fuga. 
Eu nunca tentei comandar os animais aquáticos, porque esse era um privilégio de poucos. Seria minha primeira experiência, mas eu precisava tentar... Fiz círculos na água com as duas mãos e emiti sinais sonoros com a boca e, em pouco tempo, dois golfinhos se aproximaram de mim. Segurei em suas barbatanas e eles me conduziram até uma ilha.
Nessa ilha fiquei por uma ou duas luas até descansar, e meus amigos golfinhos ficaram por perto. Quando eu estava restabelecido fiz uma jangada e, com a ajuda dos golfinhos, segui viagem...
Eu cheguei em minha Nação dez sóis depois de minha ausência. Meu povo quase não acreditou no que viu... Eu não percebi mas, quando entrei em minha cidade, me acompanhavam: dezenas de leopardos, muitas onças pintadas, várias suçuaranas e diversos outros animais.
Então, começaram a exclamar: 'Ele é um Tepeyollotl! Ele é um Rei das Matas.' (E todos se ajoelharam...) Minha mãe correu e me abraçou e meu pai explicou: Meu filho, eles te consideram um Tepeyollotl..."

O Caboclo Sultão das Matas, não utiliza o termo "Tepeyollotl" por ser de difícil pronúncia. Ele também não usa o termo "Rei" por se referir a um Cargo Político. Por isso, usa o termo "Sultão", pois este se refere a uma Autoridade Espiritual. A complementação do nome "Sultão" das Matas, indica que ele é um Guia Espiritual que atua na Linha de Oxóssi.

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*OBS > Nesse post vocês observam duas imagens: a primeira, refere-se a aparência espiritual; a segunda, refere-se a aparência de sua existência carnal como "Tepeyollotl".

domingo, 30 de setembro de 2018

Exu Cigano

O Rei da Magia e da Sedução.

"Eu trabalho na energia das duas bandas: A Banda da Direita e a Banda da Esquerda. Eu tenho obrigação de atuar na Esquerda como Exu, como primeira energia. Mas, em meus trabalhos, complemento minha ação com a energia da Direita. Isso quer dizer que em meu trabalho como Exu Cigano, eu posso atuar em todas as Linhas da Direita ou da Esquerda simultaneamente.
Por exemplo, se realizo um trabalho de cura, utilizo a vibração de Exu e de Oxóssi; se realizo um trabalho de limpeza, minha vibração exigirá a atuação das Mães d'Água; se realizo um resgate no Plano Espiritual, pedirei auxílio à Obaluaiê... Dessa forma, nunca estarei sozinho ou desamparado.
Agora que expliquei como desenvolvo meu trabalho, contarei a história de minha penúltima encarnação. Eu sei que, normalmente, relatamos nossa última existência... Mas, minha última vida foi uma vida comum de alguém que viveu para quitar uma dívida Khámica. Quitei a dívida e pude trabalhar nesse lado de cá como Exu Cigano.
Em minha penúltima existência terrena, nasci na Itália do século XVII, junto ao Povo Calon. Para quem não sabe, os Calon representam uma das Raças Ciganas, junto ao Povo Rom, Sinti e outros... Nós também somos chamados de Kalé. Eu nasci na Época da Inquisição Europeia e de uma forte perseguição aos Povos Ciganos. Por conta disso, estávamos sempre nos mudando e viajando por territórios desconhecidos. Meus pais eram negociantes de peças de couro curtido, de várias origens.
Desde muito cedo eu aprendi a manejar facas, adagas e punhais com muita maestria. Eu era um exímio atirador à distância. Por isso, me chamavam de Zumavipe, que quer dizer desafiar... Eles acreditavam que bastava me desafiar para eu ganhar. E era verdade. Quanto mais desafiado eu era, mais eu me superava.
Os anos passaram e nós conseguimos nos esconder da Inquisição. Eu tornei-me um homem e herdei os negócios de meu pai, me casei e tive dois filhos (um casal). Eu tinha muito orgulho de minha gente e de minha família. Um dia, porém, tudo mudou... Estávamos acampados numa região onde, hoje, se localiza a Bélgica. Na época essa região era chamada apenas de Países Baixos, por agrupar diversos territórios.
Nesse local, fomos delatados e aprisionados. Durante a luta, eu sozinho com meus punhais, consegui matar setenta homens. Mas, eles eram mais de quatrocentos e em pouco tempo fui rendido... Nós fomos levados à sede da Inquisição, na Espanha. Fomos julgados e condenados ao cadafalso. Morremos todos juntos, inclusive meus filhos - tão pequeninos e inocentes...
Ciganos, piratas, feiticeiros, rebeldes ou todos aqueles que se opusessem à Coroa e à Igreja (qualquer Igreja) eram condenados. Forca para traição. Fogueira para bruxaria. Decapitação para os blasfemadores. Esquartejamento para os líderes de rebeliões. E tantas outras formas de condenação. Eles eram bastante criativos quando se tratava de condenar...
Na minha última existência nasci e morri como escravo em terras brasileiras. Agora vocês entendem porque sou um Exu e entendem porque sou um Cigano."

quarta-feira, 26 de setembro de 2018

Cosme, Damião, Doú, Talabe, Alabá, Crispim e Crispiniano.

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Os Ibejis de Umbanda seguem o sincretismo dos Erês de Candomblé. No Candomblé, os gêmeos Erês são filhos de Xangô com Iansã (Yansã). Os sete Ibejis de Umbanda seguem uma tradição muito antiga, baseada numa Lenda que conta a história de São Cosme e São Damião.
No Candomblé, é de conhecimento que Xangô e Iansã (Yansã) tiveram, primeiramente, Taiwó e Kehindé; depois, nasceu Odowú. Taiwó morreu afogado. Kehinde morreu de tristeza e Odowú caiu doente de saudade dos irmãos...
Já a Lenda dos Sete Irmãos, conta que a mãe de São Cosme e São Damião teve mais 2 filhos gêmeos: Crispim e Crispiniano; que também seguiram os passos dos irmãos mais velhos, Cosme e Damião, seguindo o Cristianismo... Além dos 4 filhos gêmeos, ela teve outros três: Talabe, Alabá e Doú. Mas, os registros históricos referem-se aos irmãos de Cosme e Damião, como: Antimo, Leôncio e Euprepio. Sendo Crispim e Crispiniano de outra família...
E de onde surgiram os sete nomes? Os nomes Cosme e Damião são de origem Ciliciana. Doú provém de Idowú, de origem Africana. Crispim e Crispiniano são de origem Romana. Talabe provém de Talab, do Oriente Médio. E Alabá possui sua origem no Árabe - Allah Abba. Talabe e Alabá são, provavelmente, uma referência aos locais de peregrinação dos irmãos Cosme e Damião.
A história relata que Cosme e Damião eram médicos que se converteram ao Cristianismo e auxiliavam os pobres, principalmente, idosos e crianças. Crispim e Crispiniano eram sapateiros que distribuíam caridade e também se converteram... A coincidência nas duas histórias está na conversão dos irmãos e no auxílio aos pequeninos e menos favorecidos. Outro porém, é a época em que eles viveram: século III, que representa o começo do Cristianismo como religião.
Como a Umbanda saúda a todos os Espíritos, sejam de crianças, de índios ou de outras raças, incluiu em sua Festa de Ibeji todos os irmãos dos Santos Católicos, ou seja, os sete irmãos: Cosme, Damião, Doú, Talabe, Alabá, Crispim e Crispiniano - mesmo não sendo irmãos entre si...
Essa crença de oferecer uma Festa aos Espíritos Infantis tornou-se tão popular por ser uma homenagem:
- Em agradecimento à todas as crianças que deram a vida para salvar Jesus da perseguição de Herodes;
- Para honrar todas as crianças e inocentes que morreram nesses milhares de anos...
O número Sete é Cabalístico e faz referência à Hierarquia Celestial. Todos os Anjos são em número de sete, portanto, as crianças que morreram inocentemente, também são Anjos. Por isso, durante a festa sempre são distribuídos doces em quantidades iguais de sete.
Quanto a datas: São Cosme e São Damião são comemorados em 26 de setembro. Eles foram canonizados em 630. No Mundo todo, eles possuem datas diferentes de comemoração: 26 e 27 de setembro, 1º de julho e 1º de novembro. Eles foram mortos em 303, na Síria...
São Crispim e São Crispiniano são comemorados em 25 de outubro. Eles foram canonizados em 1645. Eram humildes sapateiros que seguiam o Cristianismo. Foram perseguidos e mortos durante o século III.
A Igreja Católica canonizou apenas os irmãos gêmeos: Cosme e Damião, Crispim e Crispiniano. Por conta disso, a Igreja aceita, apenas, a imagem dos santos com "dois irmãos" em sua iconografia - que representa que eles são gêmeos.
O costume de distribuir doces e guloseimas às crianças ocorre no dia 27 de setembro... Data que foi originalmente adotada pelo Candomblé e, depois, pela Umbanda.

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sexta-feira, 21 de setembro de 2018

A história de Claudia Soares de Castañeda.

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Eu prossigo agora com a narrativa do restante de minha história de vida...

"Claudia nasceu em solo espanhol, de uma família tradicionalmente católica. Os Soares eram famosos criadores de porcos de diversas raças, oferecidos aos banquetes reais, em comemorações diversas. Soares é um nome que deriva de Soeiro, que significa: "criador de suínos". Quando conheci Claudia ela estava com dez anos e eu já havia completado dezesseis. Apesar de ser uma menina, já era possível ver que se tornaria uma mulher de beleza exuberante.
Nossos pais realizavam troca de produtos e, durante suas negociações, eu e Claudia nos observávamos. Com o passar dos anos, nos tornamos amigos. Nossas famílias se visitavam e fomos aprofundando nossa amizade. Claudia já era uma moça e atraía a cobiça dos homens da região. Um jovem comandante da Coroa Portuguesa estava sempre rondando a família Soeiro, na tentativa de desposar Claudia.
Aqui, porém, houve uma grande reviravolta na história... Nessa época, Portugal e Espanha começaram a guerrear, disputando territórios, coroas e bens. Casamentos entre fidalgos foram desfeitos, gerando mais atrito entre os dois reinos. Quando as disputas começaram a ficar mais intensas, eu e meu pai decidimos evitar a região por um período. Então, fizemos uma última visita aos Soares, para deixar produtos excedentes.
Nós ciganos, somos muito intuitivos e minha mãe nos alertou para que não fizéssemos essa viagem, pois estava com maus pressentimentos. Mas, nós somos também muito persistentes e quando nos decidimos, agimos de qualquer maneira. Dessa forma, chegamos em Toledo, próximo ao Rio Tejo. Quando nos aproximamos de Alcázar de Toledo, percebemos vários frontes de guerra. Então, decidimos seguir durante a noite até a residência do Senhor Soares.
Com a escuridão da noite pudemos nos ocultar e chegamos à residência do Senhor Juarez Soares. Ele e a esposa Eulália estavam acordados e preocupados com a situação. E diante de tudo que estava acontecendo, nos pediram que tirássemos Claudia e seu irmão Ygor às escondidas, pois temiam por uma invasão. Ygor tinha a metade da idade de Claudia, mesmo assim, era esperto e corajoso. Os dois irmãos não queriam deixar a família. Portanto, era compreensível que não quisessem se afastar. Foi difícil convencê-los do perigo que corriam...
Logo que deixamos a fazenda percebemos ao longe uma invasão e labaredas de fogo consumindo a plantação mas, nada podíamos fazer. Os dois choravam muito. E nós, para protegê-los, tentamos nos afastar o mais rapidamente possível. Andando na surdina chegamos ao nosso acampamento. Minha mãe nos aguardava apreensiva, pois sabia que o pior havia acontecido.
Com o passar do tempo, Claudia e Ygor, acostumaram-se a vida local e passaram a conviver com as organizações diárias do acampamento. Porém, não ficávamos na mesma região por muito tempo e passamos a nos mudar mais frequentemente. E nossa vida prosseguia... Após certo período de adaptação, uma cerimônia de iniciação foi realizada para Ygor e Claudia, onde os dois passaram a fazer parte de nossa família cigana.
Assim, transcorreram sete anos, Ygor tornou-se um rapazote e Claudia era uma linda mulher. Em uma dança com punhais, joguei meu punhal ao chão, aos pés de Claudia. Ela o apanhou e guardou no meio dos seios. Depois dançou com uma flor na boca e a lançou para mim. Era um pedido de casamento. Ela aceitou e eu aceitei.
Dissemos sim em outra cerimônia realizada pelo Chefe de nossa Tribo, onde enchemos nossa taça de vinho e bebemos juntos. Fizemos o pacto de sangue e amarramos nossas mãos. Éramos um só. Dançamos e festejamos e todos comemoraram... Claudia era amada por todos. Quando nos recolhemos todos silenciaram e esperaram, como era costume. Mostrei o lenço e todos gritaram: Optchá!
Nove meses depois nasceu um menino lindo que se chamou Enrico, mas todos só sabiam dizer "Rico". Esses anos foram muito felizes mas, passaram rápidos. Até me esqueci das guerras e dos perigos... Então, Claudia ficou grávida mais uma vez. Uma menina, que não nasceu. Porém, descobrimos que foi melhor assim, porque as perseguições ao Povo Cigano (e aos demais povos) estavam se tornando cada vez mais efetivas. E nós começamos a nos esconder cada vez mais.
Chegou um momento em que a Europa ficou tão preenchida de soldados e Inquisidores, que seria impossível contar seu número. Muitas famílias Ciganas e de outras origens estrangeiras começaram a fugir da Europa para as Américas, por ser o mais longínquo de todos os lugares. Quando conseguimos preparar todo o acampamento e armar nossa fuga, fomos presos no Cais do Porto de Marselha. Alguns, ainda, conseguiram embarcar rumo ao Novo Continente. Eu e todos os meus familiares, fomos presos e levados ao calabouço.
Sem privilégios, sem água, sem comida e sem direito a julgamento. Fomos torturados por dias... Mas, de todos quem mais sofreu foi Claudia, ao ver Enrico acorrentado em um canto do calabouço, definhando aos poucos. Se ao menos ela pudesse abraçá-lo e confortá-lo... Uma criança pouco resiste em meio a tanto sofrimento, mas Enrico suportou olhando para a mãe. E Claudia cantou para ele uma canção de ninar e o viu partir...
Cada um de nós entregou-se aos poucos nos braços da Morte... Evitarei narrar os pormenores porque são fatos muito doloridos, para nós e para vocês que leem essa narrativa. Basta dizer que, quando fechei os olhos, Claudia ainda agonizava chorando por Enrico. Aqui preciso dizer que Ygor, irmão de Claudia, conseguiu escapar no momento de nossa captura. Mas, a história dele será contada em outro momento."

Pablo Juan de Castañeda

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