sábado, 9 de junho de 2012

Pombagira Rainha Feiticeira

Ela nasceu na Tribo Ancestral Sagrada das Grandes Feiticeiras Mães, as Iya Mi Oxorungá... E desde cedo aprendeu o que era Magia, Feitiçaria e Bruxaria.
Ela sabia a diferença entre um Feitiço, um Encantamento e um "Domínio". No Livro da Vida ela aprendeu sobre a Cura do Corpo e no Livro da Morte ela aprendeu a "aprisionar a Alma".
Todas as Tribos temiam as Ajé (Feiticeiras) e ninguém ousava olhar em seus olhos, pois sabiam que poderiam ser enfeitiçados!
De tempos em tempos, elas possuíam um Ritual de Acasalamento para perpetuar a sua espécie. Então, todas as Tribos da Região enviavam seu melhor Guerreiro e ele pernoitava entre elas...
Durante o acasalamento, ela foi a última a se deitar com o Guerreiro. Em sua vida, ela ainda não tinha desfrutado de outro corpo... Essa foi uma experiência única!
Ao acordar pela manhã, eles se olharam e ela conheceu o brilho do amor... Ela se apaixonou pelo Guerreiro e o Guerreiro se apaixonou por ela.
Mas, a Lei das Iya Mi Ajé é bastante severa... Em uma Tribo de Feiticeiras, homem não pode viver! O Guerreiro partiu, mas prometeu voltar... E ela ficou grávida daquele que seria o pai da criança!
Se a criança fosse um menino, seria entregue à Tribo dos Homens Guerreiros, e se fosse uma menina seria criada entre elas...
Quis o destino que ela tivesse gêmeos: um menino e uma menina. O menino nasceu primeiro, antes da metade da noite e a menina nasceu depois, após a metade da noite.
Quando ela olhou as crianças, sentiu o que pensou jamais poder sentir por um Ser Humano! Então, pediu à Feiticeira Mãe se podia ficar um pouco mais com os dois.
Ao amanhecer do dia, quando a procuraram para levar o menino, não a encontraram... Ela havia partido com as duas crianças.
Ela foi embora, para a região das montanhas, para viver em uma caverna, mas sabia que seria caçada, pois era uma traidora de seus costumes!
Ela decidiu, então, entregar as crianças para uma Tribo Nômade do Deserto, pois assim evitaria que eles fossem localizados...
Sozinha, ela seguiu viagem, atravessou o deserto e chegou em outras terras. Nesse lugar, tudo era diferente, inclusive a cor da pele das pessoas.
Ali ninguém sabia quem ela era, nem o que fazia... Como não sabia a linguagem daquela gente, ela se comunicava por sinais.
Sempre oculta por uma túnica, conviveu por anos com aquele povo, até que um dia resolveu voltar, pois queria saber de seus filhos.
Ao atravessar o deserto novamente, sentiu um misto de dor e tristeza. Tudo era diferente agora... Haviam construções diversas e Palácios que imitavam Montanhas.
Sua Tribo havia se escondido em terras longínquas, para evitar a perseguição, pois as Iya Mi eram consideradas perigosas... E estavam sendo caçadas por outras Tribos!
Ela localizou seus filhos e viu que eram Grandes Guerreiros agora, tanto o menino, quanto a menina... No entanto, caçavam aquelas que seriam suas avós!
Isso muito a entristeceu... Ela evitou seguir a Lei de suas Mães Ancestrais e, com isso, colocou em perigo toda a sua Nação!
Procurou seus filhos para conversar e lhes contar a sua história. Mas, eles duvidaram dela... Procurou o pai das crianças, mas ele não a ouviu!
Então, ela fez a única coisa que ainda restava fazer... Procurou sua Tribo para conversar com a Chefe das Iya Mi e pediu para voltar...
Pela Lei Ancestral, ela deveria ser executada mas, como estavam em Guerra e temiam perder todas as vidas, decidiram aceitá-la, desde que assumisse a sua verdadeira função: a de Chefe-Guerreira das Iya Mi Oxorungá.
Ela devia lutar pela sua Tribo e honrar o Código Ancestral das Ajé. E ela aceitou... No dia seguinte, elas foram avisadas de que deveriam partir para longe, pois uma perseguição estava se iniciando...
Mas, ela decidiu ficar e lutar... Juntamente com outras "Feiticeiras Guerreiras" montaram um pequeno Exército e lutaram por sua Cultura Ancestral.
Ela lutou, mas foi alvejada por uma flecha daquele que seria de seu próprio filho... E morreu ali mesmo. Quando ela tombou ao chão, o menino se aproximou e viu em seu peito o mesmo colar que carregava... Ela era de fato sua mãe!
Muitas Iya Mi Ajé tombaram em combate! E aquelas que restaram, foram obrigadas a partir para sempre...
Assim, começou o fim da Tribo das Iya Mi Oxorungá (as Grandes Mães Feiticeiras). E assim teve início a Lenda das Feiticeiras Mães!