domingo, 24 de junho de 2012

Os Caboclos de Xangô.

"Fui buscar um lírio branco nas pedreiras de Xangô,
Encontrei lá outras flores na linda primavera de meu Pai Xangô."


Xangô é o Orixá que comanda a Linha da Justiça e representa a firmeza da rocha e a força do trovão. É o grande Patrono da Política e do Povo do Oriente, no sincretismo com São João Batista, comemorado em 24 de junho. Mas, também é sincretizado com São Jerônimo - nome da sexta Tenda fundada por Zélio de Morais. 
São Jerônimo possui duas datas comemorativas: 15 de junho (no Oriente) e 30 de setembro (no Ocidente). A sabedoria de Xangô está representada nas experiências vividas pelos Doze Apóstolos e por todos os santos velhos. Na Umbanda a sua cor é marrom, seu dia é a quarta-feira e sua saudação é Kaô Xangô, Kawô Kabiecilê.
Na falange do Povo do Oriente, Xangô representa todos os Grandes Mestres de antigamente, como Lao Tsé, Confúcio, Maomé, Davi, Salomão, Moisés, entre outros. Os Caboclos que atuam na Linha de Xangô foram em outrora: xamãs, sábios, caciques, pajés e curandeiros.
Quando se apresentam num terreiro, atuando em sua própria linha, podem adotar os seguintes nomes: Xangô Agodô, Xangô Aganju, Xangô Abomi, Xangô Alafim, Xangô Kaô, Xangô Alufan, Xangô Sete Pedreiras, Xangô Sete Montanhas, Xangô Sete Machados, Xangô Sete Cachoeiras, Xangô Sete Rochas, Xangô Sete Trovões, Xangô Sete Pedras, entre outros. Normalmente, quando um Xangô Chefe de Falange assume o camatulê de um médium, ele está querendo que esse médium exerça seu dom de liderança.
Os Caboclos de Xangô, atuando na vibração das demais linhas, podem usar os seguintes nomes: Caboclo Quebra-Pedra, Caboclo Treme-Terra, Caboclo Pedra Roxa, Caboclo Pedra Preta, Caboclo Pedra Branca, Caboclo Arranca-Toco, Caboclo Quebra-Machado, Caboclo Justiceiro, Caboclo Trovoada, Caboclo Ribanceira, Caboclo Machada de Ouro ou Machada Dourada, Caboclo Cachoeira, Caboclo Pedreira, etc.
Existem poucas caboclas atuando na Linha de Xangô, porque antigamente, a chefia e a pajelança eram assumidas unicamente por homens. Mas, existem algumas Caboclas que podem atuar de forma mista nessa Linha: Cabocla do Sol, Cabocla Jussara, Cabocla Cinara, Cabocla do Vale, Cabocla do Fogo, Cabocla das Pedras Sagradas, Cabocla Chama Dourada, Cabocla do Trovão, Cabocla Curandeira, entre outras.
Xangô no Candomblé é cultuado de forma diferente do que na Umbanda, por isso cada Nação possui seus atributos e influências, assim como cada Templo possui suas particularidades.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Pombagira Cigana das Rosas


Essa cigana perdeu-se do seu Povo ainda menina, quando eles passavam pela cidade de Marselha. No porto pararam para fazer uma apresentação e comprar iguarias, enquanto houve uma invasão dos saxões. Na confusão que se seguiu, ela perdeu-se e foi levada por uma senhora que morava nas cercanias da cidade. Seus pais lhe procuraram por dias, mas de nada adiantou.
Essa senhora, morava sozinha e cultivava rosas. Queria muito ter uma filha e aquela criança foi seu raio de sol. Com o tempo a menina deixou de sentir a falta de seus pais e afeiçoou-se àquela senhora. Cresceu e tornou-se uma linda jovem, que atraía sempre os olhares de todos ao vender as rosas no porto. Todos a chamavam de a "Menina das Rosas". A senhora e ela eram muito felizes e ela nem lembrava mais que havia se perdido de seus pais verdadeiros.
Um dia houve uma invasão de saqueadores na cidade e ao chegar ao sítio, a "Menina das Rosas" encontrou tudo arrasado e sua senhora estava caída ao chão sem vida. Os carrascos ainda estavam nas imediações do sítio e ao avistarem a menina-moça, se acercaram dela e a capturaram, usando-a para se satisfazerem. Depois de muitos dias sendo mantida em cativeiro, conseguiu fugir de seus algozes, mas já não estava mais em Marselha e não reconhecia o local onde se encontrava. Não tinha rosas para vender e não sabia como sobreviver.
Precisou trabalhar em uma estalagem em troca de comida e pouso, mas a condição era servir aos fregueses como eles desejassem. Essa não era a vida que ela desejava. Então, quando conseguiu juntar um dinheiro, fugiu e tentou voltar ao Porto de Marselha. Lá poderia cultivar e vender suas rosas. Ela conseguiu retornar, mas a cidade não era mais a mesma, nem ela era a mesma pessoa. O sítio estava ocupado por desconhecidos e ela não tinha como provar que era a proprietária.
Novamente ela vendeu seu corpo e se sentiu triste por isso. Queria muito voltar a vender rosas. Então, ouviu falar de uma província chamada Provença, onde se cultivavam ervas aromáticas e flores diversas. Ela se dirigiu para lá e andando um pouco a pé e um pouco de carona, conseguiu chegar ao local desejado. Procurou emprego nas fazendas de flores da região e conseguiu se tornar uma coletora.
Todos os dias levantava-se muito cedo, tomava seu café e se dirigia ao campo para coletar as flores e ervas diversas. Essa rotina durou mais de vinte anos e foi feliz assim. Nunca se casou e nunca se enamorou. Viveu só, como a sua senhora. Era querida por todos, pois sempre sorria e conversava com respeito. Morreu aos 43 anos de tuberculose - doença que adquiriu do pólen das flores e do ar gelado das estações frias. Seu nome ela nunca revelou, pois gostava de lembrar da "Menina das Rosas".
Essa foi sua história e apesar de tudo o que passou, nunca deixou de sorrir e de tratar bem a todos que a cercavam...

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Pombagira Rainha do Lodo

A Senhora da Transformação!

Essa Pombagira trabalha na Linha das Águas, auxiliando todas as mães no trabalho de transformação...
Sua principal função é retirar da aura das pessoas as impurezas astrais, transportando para o lodo etérico e transmutando... Ela faz isso para devolver a energia em forma de cura.
A Pombagira Rainha do Lodo pode atuar em diversos campos dentro de um terreiro: magia, amor ou cura.
Ela é uma excelente ouvinte dos corações sofridos e uma ótima conselheira para os corações partidos.
A sua história é tão antiga quanto a da própria Maria Madalena. Porém, ela não gosta de contar...
Ela diz que: "As histórias terrenas são apenas para entreter os incrédulos, pois aqueles que acreditam não precisam de histórias."
Ela também diz que não gosta de relembrar o que passou, mas que poderá contar sua história somente àquele com quem trabalha.
A Pombagira Rainha do Lodo é assim: cheia de mistérios e de muita delicadeza.
Em seus atendimentos gosta de andar em torno da pessoa passando sua saia junto ao corpo do atendido. Esse gesto serve para apanhar os fluidos astrais e transmutá-los...
Enquanto ela mexe sua saia, pergunta o que o consulente deseja... Mas, na verdade, já trabalhou e está apenas ganhando tempo para um melhor atendimento.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Exu Marabô

Exu Chefe da Linha de Oxóssi.

O Senhor Exu Marabô, também pode ser chamado de Barabô, comanda a Linha de Oxóssi na Esquerda. Portanto ele é um Exu Chefe.
Ele transforma as energias das ervas para os amacis e para os boris. Ele também atua em limpezas e curas diversas, durante o Trabalho Mediúnico.
Normalmente, ele se apresenta nos trabalhos quando se faz necessário purificar, energizar ou transmutar as energias de um ambiente.
Como pode trabalhar à distância (mesmo sem incorporação) a sua presença, muitas vezes, nem é percebida... Mas, sua ação é rápida e eficaz.
Como Guardião costuma ser sisudo, de pouca fala e de muita ação. Conversa apenas o necessário. Prefere ficar calado observando o trabalho... Por conta disso, poucos o conhecem!
Marabô ele é um Exu de Lei, Chefe, Coroado e . Portanto, ele não é escravo, nem servo! Muitos desconhecem o significado de "Barabô" (Marabô), que deriva de Bará Abô, e quer dizer: Protetor!

Estando esclarecida essa parte, vamos relatar uma de suas existências terrenas...
Em uma de suas vidas, ele foi um grande e nobre guerreiro do Reino Francês. Lutou muitas guerras e venceu muitas batalhas. Sabia a arte de curar ferimentos de guerra, uma herança de seus antepassados nórdicos.
Quando a França firmou seu Reinado, ele tornou-se um servo fiel da Coroa. Ele se tornou um dos Conselheiros Reais, servindo tanto ao Rei, quanto aos Ministros do Reino.
Em idade avançada passou a estudar a Medicina Oculta e dedicou-se a assuntos esotéricos e cabalísticos. Também fez parte de diferentes Sociedades Secretas e serviu a diversas Ordens Ocultas.
Aproveitou sua vida ao máximo, para aprender os mais variados assuntos... Por fim, quando conheceu a Alquimia, dedicou-se a desvendar todos os mistérios e todos os segredos do Universo Holístico.
Desencarnou em idade avançada em seu Laboratório de Ciências Ocultas. Após sua morte, descobriu-se como Espírito Guardião... Ou seja, ele era um Exu, desde os tempos imemoriais da Terra.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Exu do Fogo

Aquele que atua na Dimensão Extrafísica dos Elementais.


A ação do Senhor Exu do Fogo está na transmutação das energias e na formação de campos de proteção ao redor de seus assistidos. Para tanto, ele utiliza a Energia Magística dos Elementos Naturais. A vida que vamos relatar a seguir, demonstra porque ele tornou-se um "Exu do Fogo"...

Essa é apenas uma de suas vidas...
Leandro Maximiliam nasceu na Bósnia, em 1723. Era um exímio ourives e artesão. Suas peças eram disputadas pelos nobres. Buscou durante muito tempo o "Elixir da Longa Vida" e a "Pedra Filosofal", participou de Ordens e Sociedades Ocultas e estudou tudo o que podia sobre magia elemental.
Ele possuía habilidades únicas, como: radiestesia, magnetismo, transdução, entre outras. Leandro usava essas capacidades na criação de peças artesanais de ouro de baixo quilate e alto quilate. Com isso, podia converter "ouro de pobre" em "ouro de rico", o que para ele era quase a descoberta da pedra filosofal.
Em 1758 tornou-se o Grão Mestre da Ordem dos Herméticos. Ele também foi um dos participantes mais ativo das Ordens de Salomão, Rosa Cruz e Maçonaria. Leandro não casou e não teve filhos. Sua vida foi totalmente dedicada aos estudos ocultos, exotéricos, místicos e cabalísticos. Ele teve mulheres, porém, nunca firmou um compromisso.
Morreu aos 90 anos, de causas naturais. Havia acumulado uma grande fortuna, devido ao seu prestígio como joalheiro. Um ano antes de sua morte, doou a maior parte de suas posses a uma Instituição de amparo a viúvas, crianças órfãs e idosos.
Em seu último ano de vida, passou a viver na Sede em uma das Ordens a qual servia. Ele foi cuidado por um de seus discípulos, a quem deixou o restante de suas posses...
Leandro Maximiliam tornou-se o Exu do Fogo, ao adentrar a Esfera Astral do Reino Espiritual. Dessa forma, aprimorou seus conhecimentos trabalhando em prol da Evolução Planetária.
Por isso, ele foi solicitado pela Espiritualidade Maior para trabalhar como Guardião do Fogo, no Reino Extrafísico Elemental.

sábado, 9 de junho de 2012

Pombagira Rainha Feiticeira

Ela nasceu na Tribo Ancestral Sagrada das Grandes Feiticeiras Mães, as Iya Mi Oxorungá... E desde cedo aprendeu o que era Magia, Feitiçaria e Bruxaria.
Ela sabia a diferença entre um Feitiço, um Encantamento e um "Domínio". No Livro da Vida ela aprendeu sobre a Cura do Corpo e no Livro da Morte ela aprendeu a "aprisionar a Alma".
Todas as Tribos temiam as Ajé (Feiticeiras) e ninguém ousava olhar em seus olhos, pois sabiam que poderiam ser enfeitiçados!
De tempos em tempos, elas possuíam um Ritual de Acasalamento para perpetuar a sua espécie. Então, todas as Tribos da Região enviavam seu melhor Guerreiro e ele pernoitava entre elas...
Durante o acasalamento, ela foi a última a se deitar com o Guerreiro. Em sua vida, ela ainda não tinha desfrutado de outro corpo... Essa foi uma experiência única!
Ao acordar pela manhã, eles se olharam e ela conheceu o brilho do amor... Ela se apaixonou pelo Guerreiro e o Guerreiro se apaixonou por ela.
Mas, a Lei das Iya Mi Ajé é bastante severa... Em uma Tribo de Feiticeiras, homem não pode viver! O Guerreiro partiu, mas prometeu voltar... E ela ficou grávida daquele que seria o pai da criança!
Se a criança fosse um menino, seria entregue à Tribo dos Homens Guerreiros, e se fosse uma menina seria criada entre elas...
Quis o destino que ela tivesse gêmeos: um menino e uma menina. O menino nasceu primeiro, antes da metade da noite e a menina nasceu depois, após a metade da noite.
Quando ela olhou as crianças, sentiu o que pensou jamais poder sentir por um Ser Humano! Então, pediu à Feiticeira Mãe se podia ficar um pouco mais com os dois.
Ao amanhecer do dia, quando a procuraram para levar o menino, não a encontraram... Ela havia partido com as duas crianças.
Ela foi embora, para a região das montanhas, para viver em uma caverna, mas sabia que seria caçada, pois era uma traidora de seus costumes!
Ela decidiu, então, entregar as crianças para uma Tribo Nômade do Deserto, pois assim evitaria que eles fossem localizados...
Sozinha, ela seguiu viagem, atravessou o deserto e chegou em outras terras. Nesse lugar, tudo era diferente, inclusive a cor da pele das pessoas.
Ali ninguém sabia quem ela era, nem o que fazia... Como não sabia a linguagem daquela gente, ela se comunicava por sinais.
Sempre oculta por uma túnica, conviveu por anos com aquele povo, até que um dia resolveu voltar, pois queria saber de seus filhos.
Ao atravessar o deserto novamente, sentiu um misto de dor e tristeza. Tudo era diferente agora... Haviam construções diversas e Palácios que imitavam Montanhas.
Sua Tribo havia se escondido em terras longínquas, para evitar a perseguição, pois as Iya Mi eram consideradas perigosas... E estavam sendo caçadas por outras Tribos!
Ela localizou seus filhos e viu que eram Grandes Guerreiros agora, tanto o menino, quanto a menina... No entanto, caçavam aquelas que seriam suas avós!
Isso muito a entristeceu... Ela evitou seguir a Lei de suas Mães Ancestrais e, com isso, colocou em perigo toda a sua Nação!
Procurou seus filhos para conversar e lhes contar a sua história. Mas, eles duvidaram dela... Procurou o pai das crianças, mas ele não a ouviu!
Então, ela fez a única coisa que ainda restava fazer... Procurou sua Tribo para conversar com a Chefe das Iya Mi e pediu para voltar...
Pela Lei Ancestral, ela deveria ser executada mas, como estavam em Guerra e temiam perder todas as vidas, decidiram aceitá-la, desde que assumisse a sua verdadeira função: a de Chefe-Guerreira das Iya Mi Oxorungá.
Ela devia lutar pela sua Tribo e honrar o Código Ancestral das Ajé. E ela aceitou... No dia seguinte, elas foram avisadas de que deveriam partir para longe, pois uma perseguição estava se iniciando...
Mas, ela decidiu ficar e lutar... Juntamente com outras "Feiticeiras Guerreiras" montaram um pequeno Exército e lutaram por sua Cultura Ancestral.
Ela lutou, mas foi alvejada por uma flecha daquele que seria de seu próprio filho... E morreu ali mesmo. Quando ela tombou ao chão, o menino se aproximou e viu em seu peito o mesmo colar que carregava... Ela era de fato sua mãe!
Muitas Iya Mi Ajé tombaram em combate! E aquelas que restaram, foram obrigadas a partir para sempre...
Assim, começou o fim da Tribo das Iya Mi Oxorungá (as Grandes Mães Feiticeiras). E assim teve início a Lenda das Feiticeiras Mães!

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Pombagira Maria Quitéria das Almas

A Sedutora do Reino da Magia!


Essa Pombagira nasceu em 1624 no Reino de Portugal, em Lisboa. Como toda portuguesa, ela recebeu o primeiro nome de Maria e o segundo nome de Quitéria, em homenagem a Santa Portuguesa.
Ela foi criada por sua avó materna, pois sua mãe era viúva e enamorou-se do imediato de um navio mercante, seguindo com ele em viagem. Sua avó sabia a arte da cura pelo benzimento e pelas ervas e lhe passou todo esse conhecimento. Ela também recebeu o conhecimento ancestral do Povo Rom, da linhagem cigana, por parte de seu avô materno. Assim, Maria cresceu e tornou-se uma moça bela e instruída nas artes do ocultismo.
Quando ela completou 17 anos sua avó faleceu de complicações diversas recorrentes de problemas respiratórios. Então, Maria decidiu vender o que restou na casa e seguiu viagem para a Terra Nova, Brasil. Ao chegar ao Rio de Janeiro, descobriu que as coisas não seriam tão fáceis como ela pensou. Conseguiu emprego em uma estalagem, como arrumadeira, cozinheira e serviçal. Trabalhou um ano até conhecer seu futuro marido (José), que a tirou do trabalho e a levou para morar com ele no interior de Minas Gerais.
Com 19 anos Maria teve seu primeiro filho, na fazenda onde seu esposo trabalhava como capataz. Maria era uma moça prendada e sabia cuidar da casa e do marido com muito carinho e isso despertou olhares cobiçosos de outros jagunços da fazenda. Passaram dois anos de harmonia e paz, até que um dia José chegou em casa e encontrou Maria desacordada nos braços de outro. Ele não pensou duas vezes, matou-a com 7 tiros e atirou contra seu companheiro que fugiu porta afora. A criança foi entregue aos cuidados de uma família da fazenda.
José viveu muitos anos infeliz e sem ninguém. Queria muito saber porque Maria fizera aquilo com ele. Maria vagou após sua morte por muitos anos... Um dia, passava José por uma mercearia a caminho da fazenda e parou pra beber uns tragos. Enquanto bebia viu que chegou um homem conhecido. José reconheceu o farsante que desgraçou sua vida e foi pra cima dele, ameaçando-o. Estava para puxar o gatilho quando o homem pediu misericórdia em troca de dizer-lhe a verdade.
José esperou e o jagunço contou a seguinte história:
"Ele procurou Maria algumas vezes pedindo ajuda para sua mãe que não passava bem. Então, Maria lhe preparou uma garrafada com várias ervas e lhe instruiu como tratar de sua mãe. Mas, alertou-o que o remédio causava um forte sono e por isso devia ser tomado somente a noite. No dia da tragédia ele pediu ajuda a Maria novamente, dessa vez dizendo que ele não se sentia bem.
Maria serviu o chá aos dois e tomou-o para acompanhá-lo, mas não percebeu que o jagunço havia acrescentado ao chá um preparado de ervas. Ela sentiu diferença no gosto, mas não levou em consideração. Quando ela sentiu sonolência, pediu ao jagunço licença, ele saiu e ela foi se deitar. Ele esperou até que ela dormisse e foi ter com ela... Maria até que começou a acordar, mas ele trancou sua respiração e ela desmaiou. Então, ele aproveitou para fazer o que desejava... Foi quando José chegou e ocorreu o fato."
José ao ouvir essa história ficou desconsolado. Então, sua Maria era inocente! José não pensou duas vezes, levou o jagunço pra fora do armazém e lhe deu três tiros na cabeça. Depois desse crime, José evadiu-se de Minas Gerais e nunca mais foi visto.
Maria, por sua vez, foi recolhida ao plano espiritual e pode, enfim, descansar... Após o tratamento e o refazimento, Maria passou a trabalhar na Linha das Almas, na Falange "Maria Quitéria". Maria sempre gostou da história de Santa Quitéria, porque assim como a sua, era uma história de dor, de desejo e de traição.

*As Pombagiras "Marias Quitérias" carregam no nome composto, o respeito por Maria e a menção a Santa Quitéria... Uma Santa que viveu no século II d.C. e foi morta por ordem do próprio pai, com apenas quinze anos. Uma Pombagira Maria Quitéria é uma Falangeira que trabalha em favor dos injustiçados e dos doentes; principalmente, daqueles que sofrem acusações indevidas.