A palavra Ibeji significa: gêmeos. Ela deriva de dois termos em Yorubá: ibi (nascimento) e eji (dois). Ibeji é uma palavra mais utilizada na Nação Ketu. Nas Nações de Congo e Angola, chama-se Vunje.
Para os Yorubás, a energia de Ibeji forma-se a partir de duas entidades distintas que coexistem entre si, ou seja, um não existe sem o outro... Dessa forma, se um dos gêmeos morrer, aquele que sobreviver deve lembrar aquele que morreu, porque eles estarão interligados para sempre. Assim, a mãe deve preservar a memória do filho morto para o filho que está vivo.
Na África cada gêmeo é representado por uma imagem, que permanece em exposição em todas as Festividades, recebendo ofertas e tributos. Junto dessas imagens, permanece uma outra igual e menorzinha, que representa todas as crianças falecidas da tribo (abikus).
Apesar de tudo, Ibeji é uma divindade que rege a alegria, a inocência, a ingenuidade e a pureza de uma criança. Pois, a sua principal missão está em preservar cada pessoa, desde o nascimento até a adolescência, independente de cada Orixá que a rege.
Normalmente, as palavras "Ibeji, Erê e Vunje" são utilizadas como sinônimos. Entretanto, para cada cada Nação do Candomblé, elas possuem significados distintos.
A palavra Erê vem do Yorubá iré, que significa "brincadeira, divertimento". Daí a expressão xirê (siré), que significa "fazer brincadeiras". E a palavra Erê também não pode ser confundida com a palavra criança, que em Yorubá, é omodé. Vunje, por sua vez, significa "sabido".
Durante o Ritual de Iniciação (Feitura) é o Erê que estará presente a maior parte do tempo. Ou seja, é ele que levará ou trará as várias mensagens do Orixá. Pois, Erê é o intermediário entre aquele que foi iniciado para o Orixá e o próprio Orixá.
Ao contrário do que muitos imaginam, um Erê pode andar e falar normalmente, mantendo apenas suas características primordiais de apresentação. Por isso, enquanto estiver presente no Terreiro, um Erê pode auxiliar em determinadas tarefas.
O Ibeji (Erê ou Vunje) faz parte de todos os Rituais do Candomblé e, assim como Exu, ele deve ser bem cuidado... Mas, se por acaso, a Casa esquecer de Ibeji, ele saberá cobrar sua lembrança!
Para chamar a atenção da Corrente Mediúnica, o Ibeji poderá atrapalhar os trabalhos com inúmeras brincadeiras infantis e desvirtuar a concentração dos médiuns da Casa. Isso quer dizer, que se um Ibeji apareceu em um Trabalho de Gira, alguém está lhe devendo obrigação!
Para finalizar, é preciso lembrar um ditado em Yorubá que diz: "O que Orixá faz, Ibeji desfaz... Mas, o que Ibeji faz, nem Exu desfaz!" Portanto, a força de um Ibeji deve ser sempre respeitada!