sábado, 28 de agosto de 2021

Reencarnação


A Umbanda acredita na reencarnação. A prova disso está em uma das comunicações do Caboclo Sete Encruzilhadas, quando ele manifesta a aparência de um índio, mas também mostra o aspecto de um padre europeu.
Nas diversas histórias da Umbanda, é possível perceber relatos sobre a vida após a morte. Inclusive, muitas histórias relatam inúmeras reencarnações e como em cada uma delas agiu o espírito em questão.
Também é possível ouvir das Entidades relatos diversos sobre suas vidas. Dessa forma, o médium recebe diferentes exemplos sobre como viver adequadamente em sua vida e sobre como agir conforme a Lei, para evitar a queda espiritual.
Ou seja, o espírito encarnado recebe toda a ajuda necessária para evitar o erro e melhorar sua conduta. Afinal, ele já ocupou outros corpos em outras vidas!
Cada encarnação posterior nos cobrará as ações da encarnação anterior! Isso significa que em cada encarnação devemos evoluir, para agir diferente da vida anterior.
A reencarnação existe para nos melhorar, porque nos coloca no lugar do outro, mesmo quando não aceitamos. Por exemplo...
Se em uma encarnação o espírito nasceu com roupagem de pessoa abastada, mas perseguiu os menos favorecidos, em sua próxima encarnação terá a aparência de uma pessoa sem privilégios.
Se foi dado ao espírito a chance de contribuir com a Sociedade utilizando sua mediunidade, mas ele a utilizou para fins mesquinhos e deploráveis, em sua próxima vida ele será privado de qualquer dom...
Se um espírito recebe a missão de ser pai ou mãe e desvaloriza essa missão de alguma forma, em sua próxima existência ele jamais terá filhos.
Outra coisa que muito se discute em qualquer existência é a cor da pele, porque dependendo a época em que o espírito nasceu, a cor da pele poderá influenciar sua encarnação...
Por exemplo, antes de Cristo, qualquer pessoa era escravizada, principalmente os judeus... Depois de Cristo, a História experimentou diferentes reveses: com mulheres acusadas de bruxaria, com nações sendo dizimadas por terem outras crenças, com pessoas de etnias diferentes sendo escravizadas, entre outras atrocidades.
Portanto, em qualquer época da História sempre ocorreram perseguições aos Filhos da Terra. Entretanto, em todas elas, o homem sempre teve a chance de evoluir e de melhorar...
Por acreditar na reencarnação e na vida após a morte, a Umbanda possui esse propósito, de auxiliar a todo e qualquer espírito o caminho verdadeiro da evolução.
Enfim, a Umbanda é uma Religião que acolhe a todos igualmente, sem distinção, porque sabe que estamos aqui de passagem para evoluir através de múltiplas experiências...

quarta-feira, 25 de agosto de 2021

A transformação de uma Feitura!


Toda Feitura muda a vida da pessoa para sempre! Por isso mesmo se chama "feitura", porque a pessoa vai fazer a si mesma. A gente diz "fazer o Santo", mas o Santo já nasce feito... Quem será feito, na verdade, é a pessoa que irá desenvolver...
O verbo fazer tem origem no latim e é um dos mais utilizados na língua portuguesa. Fazer quer dizer: criar, realizar, executar, agir, completar, preparar, fabricar, causar, praticar, etc... Ou seja, fazer o filho de santo significa, literalmente, preparar o filho para o Santo.
Para tanto, toda Feitura envolve diversas etapas, necessárias para a evolução da missão do Filho de Santo: limpar, abrir, consagrar, energizar, firmar, etc. Em cada etapa um novo processo será realizado e novas etapas serão acrescentadas. Todas as etapas, servem para "ligar" (conectar) o Orixá ao seu protegido. Por isso, cada etapa é bastante específica, pois mexe com um processo diferente.
No começo será como se a pessoa fosse colocada em uma grande peneira e "chacoalhada". Tente imaginar os grãos em uma peneira... Por que se chacoalham os grãos? Para limpar a sujeira e separar os grãos saudáveis. Em seguida, os grãos são espalhados em uma superfície para o processo de maturação. Da mesma forma, o médium é repousado sobre a superfície do Congá, para descansar e amadurecer...
Como um fruto, o Filho de Santo precisa amadurecer para o Santo. Ao participar das Giras, dos procedimentos e dos trabalhos em geral, o Filho vai amadurecendo aos poucos, até sentir-se totalmente preparado para assumir sua missão.
O desenvolvimento é lento e demorado, porque o renascimento se dá aos poucos... O processo todo mexe muito com o emocional e com o mental da pessoa e não são todos que estão preparados para aguentar a carga energética de uma transformação. Muita gente não aguenta o processo e desiste porque cada etapa é bastante "puxada".
A pessoa não percebe que tudo isso faz parte dela mesma. A mediunidade está na sua Ancestralidade, nos seus Antepassados, na sua Família, na sua Árvore Genealógica e no seu DNA. Ou seja, ela escolheu tudo isso, antes mesmo de nascer! Assim, desde criança a pessoa apresentará todos os sintomas (ou sinais) de que possui missão e precisa desenvolver...
Ao fazer a feitura, o médium transforma-se e o seu verdadeiro Eu transparece! Assumir seu verdadeiro Eu representa aceitar quem você é de verdade e é isso o que uma Feitura faz...

quarta-feira, 4 de agosto de 2021

A importância dos colares e de outros símbolos nos processos de feitura.


A utilização de colares teve início no começo dos tempos da História da Humanidade, como forma de adorno, demonstração de um feito importante ou representação das diversos Tribos e Etnias.
No Culto aos Orixás, os colares (egbaorun) e as miçangas (awọn ilẹkẹ) fazem referência aos degraus no processo de feitura (ṣiṣe ilana). Eles representam todos os fundamentos e todos os procedimentos dentro do Culto de Candomblé.
Cada colar (Delegun) possui um significado único, com representação própria. Através do colar é possível identificar a graduação, a função e a representação de cada Orixá, Vodun ou Inquice. Por isso, o número de fios, a quantidade de miçangas intercaladas (ou não) e a cor de cada firma é bem visível.
No começo de todo processo de feitura, o Yawô (Iaô) usa o colar de apenas um fio, com a cor do seu Orixá, Vodun ou Inquice. Dependendo a Casa ou Nação, pode até usar dois ou três colares... Depois, com o tempo e com a graduação adquirida, pouco a pouco, ele poderá aumentar o número de fios de contas e de colares no pescoço.
Além dos colares, os Yawô (Iaô) é obrigado a usar o Contra Egun (Ikan), a umbigueira, o mocam e a senzala, por pelo menos por um ano. O Ikan é uma defesa para o Yaô (Iaô), contra os Eguns Familiares que estão "penando" e querem se aproximar sem autorização. É como se a Casa mandasse um recado à eles: Esse Filho tem Dono! A umbigueira (Atorô) representa uma ligação com o útero materno e faz referência às Mães. Também quer dizer que quando estamos com a umbigueira, o nosso cordão umbilical ainda está preso ao Orixá. O Mokan (confeccionado em palha da costa) representa Iku (a Morte) e o respeito que devemos ter pela Vida. Normalmente, é enfeitado com búzios e contas na cor do Orixá, Inquice ou Vodun. A Senzala (ou "escrava") é uma forma de representar os Ancestrais e os Antepassados em braceletes.
Em determinadas Casas ou dependendo a Nação, ainda se utilizam outros adornos, como:
-  Kelê (Quelê) - joia sagrada do Orixá que adorna o pescoço do iniciado.
Ekodidé (pena vermelha do Papagaio Africano) - representa a aceitação da nova vida de iniciado.
Xaorôs - são pequenos guizos usados nas canelas para avisar a Mãe Criadeira sobre as necessidades dos Filhos.
Os demais adornos dependem da exigência de cada Nação ou dos Orixás, Inquices e Voduns de cada iniciado. Por tudo isso, o Processo de Feitura é muito próprio, único e particular... E demorado também!

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