segunda-feira, 25 de novembro de 2019

Cigano do Oriente

"Eu Amir Zafir Zhafar nasci árabe em minha última existência. Sou descendente do Povo Semita, viajante da Península Arábica. Como nômade, conheci muitos acampamentos, visitei inúmeras aldeias e desbravei muitas regiões. Tornei-me um Emir.
Como Emir eu promovi melhorias e benfeitorias para meu Povo, tonando-me amado e respeitado. Com o tempo, adquiri esposas, tive filhos e formei uma família numerosa. Meu nome cruzou fronteiras e eu fui aclamado como Rahim (Misericordioso Servo de Allah) por toda a Arábia.
Era o ano de 1700, nosso Povo estava em paz e nossa Nação prosperava. Mas, foi nesse período que a divisão no Islã iniciou, muitos extremistas fanáticos começaram a deturpar as palavras do Profeta Maomé. Surgiu, então, uma cisão que corrompeu a Península Arábica e que perdura até os dias atuais.
Essa divisão entre os conservadores e os agitadores, causou o fim da paz entre os Reinos. As pessoas começaram a temer umas às outras, desconfiando de vizinhos, irmãos e conhecidos. O medo se apossou daqueles que tinham a fé frágil, enquanto a vingança uniu os fanáticos.
Para proteger minha família e meu povo eu ergui muralhas em torno de nossos acampamentos e deixamos de ser nômades. Comecei a temer pelos meus filhos, por minha família e por meu povo.
O Alcorão nos ensina a clemência e sobretudo o respeito à irmandade. Em nossa crença, aqueles que são enviados do Altíssimo merecem nossa consideração, não importando a religião.
Nós, reconhecemos Jesus, Maria, os Profetas e os Anjos descritos na Bíblia. Essa é a verdade... Porém, em todas as crenças existem os escarnecedores e os usurpadores. O mal espreita aguardando uma oportunidade e quando ela aparece, ele penetra e age de dentro para fora.
O mal entrou em nosso meio e a Guerra iniciou. Eu consegui defender meu povo por dez anos. Meus filhos eram rapazes e passaram a combater ao meu lado. Nossas esposas tornaram-se guerreiras para proteger os descendentes. A vida tornou-se difícil.
Quando eu tombei em combate, meu filho primogênito assumiu o Emirado e seccionou os Clãs para melhorar a defesa de todo o acampamento. Todo o povo foi treinado em montaria, luta corporal, armas e sobrevivência.
Com o passar do tempo, os descendentes de nossa gente começaram a se mudar para outros países em busca daquela paz perdida. Mas, não ficaram livres das perseguições dos extremistas fanáticos.
No mundo atual, onde quer que minha gente busque abrigo e proteção, eu estarei presente para defendê-los espiritualmente."

sábado, 9 de novembro de 2019

Pai Benedito do Roseiral


"Minha primeira vida nessa terra aconteceu há mais de 7 mil anos atrás... Não direi o que aconteceu antes, nem de onde vim... Pois, não tenho permissão para isso. Apenas, contarei como cheguei até aqui.
Eu nasci nas terras onde hoje se localiza o Oriente Médio. Nesse local cresciam muitas rosas... Interessante, porque eu sempre gostei de rosas. As rosas são para mim o melhor exemplo da humanidade: exalam perfumes variados, apresentam cores diversas, crescem em todos os lugares e possuem espinhos para se defender!
Bom, falei das rosas para vocês entenderem porque gosto tanto de rosas. Mas, agora vou àquela narrativa da minha história de vida.
Eu fui o primogênito do Chefe do Povo Amorita. Quando fiquei adulto, eu e meu pai lutamos lado a lado e conquistamos muitos territórios. Expandimos nossas terras e nos tornamos um Império Grandioso!
Nessa vida eu sucedi meu pai no trono e me tornei Rei. Dei a cada um de meus irmãos uma porção de terras, espalhadas em diferentes regiões. Formamos, então, 5 Reinos com diversas tribos e inúmeros descendentes. Eu morri idoso, com 140 anos de idade, em meu leito...
Naquela época vivíamos muito mais do que agora e a contagem dos anos seguia outro tipo de calendário. Por isso, era normal as pessoas passarem dos cem anos de vida.
Minha próxima vida, foi bem mais expressiva... Eu nasci guerreiro, em uma das tribos de meus antepassados. Mas, aos poucos, fui me sobressaindo nas batalhas até me tornar um líder. Assim, pude me casar com uma das filhas do Chefe.
Com a confiança do pai de minha esposa, eu consegui eliminar muitos inimigos. Eu poderia me tornar o próximo Chefe, se minha esposa não possuísse um irmão. Ele era o herdeiro legítimo ao Comando da Tribo.
Dez anos se passaram e meu cunhado foi emboscado e morto. Então, eu me tornei o novo Chefe da Tribo. Com esse cargo visualizei uma nova forma de comando, onde aprendi a manipular os demais líderes.
Assim, com o passar dos anos, aproximei-me do Rei que comandava todas as Tribos e ganhei sua confiança. Passei a viver no Palácio com minha esposa e filhos.
(Foi aqui que, realmente, iniciou a minha queda.) Com os demais líderes planejei uma forma de assumir o trono e todo o Reinado. Juntos, nós executamos todos os membros da família real e eu fui aclamado como o novo Rei.
Diferente de minha vida anterior, onde procurei honrar meus irmãos sendo justo em minha partilha, nessa vida eu quis aproveitar ao máximo todas as riquezas.
Eu me tornei o pior de todos os Reis da Terra. Iniciei um Império que espalhou medo entre os demais Reinos. Escravizei muitas Nações. Formei um harém com centenas de concubinas... E adquiri novas esposas.
Minhas vidas posteriores seguiram o mesmo desfecho que essa vida que narrei. E eu só piorei... (Nessa época as Leis eram diferentes em todos os sentidos.) Na maioria delas morri muito idoso, com mais de um século de vida. Vivi muito bem, aproveitando todas as regalias mundanas.
Desci ao mais baixo degrau da evolução: o sétimo nível negativo! E amargurei minhas penas no verdadeiro inferno das almas! Eu sei o que é o embaixo. E garanto a vocês: nada pode se comparar ao que vivemos naquele lugar!
Eu podia ter evoluído há 2 mil anos atrás, na passagem do Cristo sobre a Terra. Eu, porém, fui soberbo e ignorante. Achei-me no direito de julgar e punir. Então, caí... Uma queda que me custou várias vidas! Eu vivi mais de 5 mil anos nas trevas da ignorância humana.
Meu espírito havia esquecido de tudo e eu só recordei há bem pouco tempo... Agora, como Pai Benedito do Roseiral, eu posso me apaziguar com meu Senhor e evoluir!"